Kubrick nas suas próprias palavras

Podia ter feito carreira em Hollywood, mas preferiu mudar-se para Inglaterra. Gostava de acumular informação para os seus projetos – milhares de imagens, centenas de horas de documentários, livros sem fim. E o seu perfeccionismo podia levar as pessoas à loucura, como certa vez em que repetiu um take 105 vezes.

Em mais de quatro décadas realizou apenas 13 filmes, do semi-artesanal Fear and Desire (1953) ao enigmático De olhos bem fechados (1999). Stanley Kubrick (1928-1999) começou por ser fotógrafo e logo muito jovem já dirigia monstros do ecrã como Kirk Douglas e Laurence Olivier (Spartacus, 1960).

Podia ter feito carreira em Hollywood, mas preferiu mudar-se para Inglaterra. Gostava de acumular informação para os seus projetos – milhares de imagens, centenas de horas de documentários, livros sem fim. E o seu perfeccionismo podia levar as pessoas à loucura, como certa vez em que repetiu um take 105 vezes.

Não por acaso, citava frequentemente Napoleão e comparava fazer um filme a uma batalha. Obcecado pelo trabalho, pela leitura e pelo xadrez, esquivava-se a tudo o que não fosse essencial. Não apreciava dar entrevistas e escusava-se a comentar ou ‘explicar’ os seus filmes. Ainda assim, certo dia leu numa revista francesa uma crítica que lhe agradou, e acedeu a dar uma série de entrevistas ao autor desse texto, o crítico Michel Ciment. Parte desse material, algum inédito, deu origem ao documentário Kubrick por Kubrick, de Gregory Munro, agora disponível no Videoclube Zero em Comportamento.