Não é uma doença recente, mas o seu ressurgimento está a assustar, especialmente, os veterinários e restantes pessoas que lidam com animais diariamente. Segundo os dados mais recentes avançados pelo Ministério da Agricultura, existem 238 explorações, 11.934 animais afetados e 1.775 mortes, no caso dos ovinos. No dos bovinos, são 41 explorações e 102 animais afetados mas, até à data, não foram registadas quaisquer mortes.
Os distritos mais afetados pela febre catarral ovina (FCO), também conhecida como língua azul (ou Bluetongue), são Évora, Beja, Setúbal e Portalegre. Esta patologia é causada por um vírus do género Orbivirus, transmitido por mosquitos do género Culicoides. A FCO tem histórico de surtos em diversas partes da Europa, incluindo Portugal, especialmente desde o início dos anos 2000.
Segundo os dois médicos veterinários ouvidos pelo Nascer do SOL, Portugal registou os primeiros casos de FCO em 1956, mas a doença permaneceu ausente ou controlada durante a maior parte do século XX no nosso país. No entanto, a partir dos anos 2000, alguns surtos começaram a ser relatados com maior frequência na Península Ibérica. O clima mediterrânico e o aumento das temperaturas favoreceram a proliferação dos mosquitos referidos, o que contribuiu para o ressurgimento da doença.
Um dos surtos mais significativos em Portugal ocorreu em 2004, quando uma variante do vírus altamente patogénica foi identificada em várias regiões do país, causando elevada mortalidade em ovinos. A situação foi agravada pela facilidade de deslocamento dos mosquitos entre Portugal e Espanha, onde também ocorreram surtos de grande magnitude.