O envolvimento da Toyota no desporto motorizado serve para transmitir os valores fundamentais da marca, nomeadamente criar carros cada vez melhores, que tragam emoções fortes a quem os conduz, tendo sempre presente a questão ambiental. Seguindo essa premissa, os engenheiros da Toyota Gazoo Racing ultrapassam todos os limites para criar poderosas máquinas de corrida que os adversários têm dificuldade em acompanhar.
A Toyota/Salvador Caetano tem uma longa história no desporto automóvel nacional. Consciente da herança criada ao longo de cinco décadas, a Gazoo Racing Caetano vai apostar fortemente na competição em 2025 e, além das competições em circuitos e no todo-o-terreno, onde já está presente, vai competir nos ralis com um carro oficial – é o regresso às provas de estrada após 24 anos. A principal novidade para a próxima temporada é a participação no Campeonato Portugal de Ralis com o novo Yaris Rally 2, equipado com motor de três cilindros turbo de 1,6 litros com 300 cv, caixa sequencial de cinco velocidades e tração às quatro rodas com diferencial de deslizamento limitado. Este carro foi criado na Finlândia pela mesma estrutura que desenvolveu o Yaris Rally 1, que deu três títulos mundiais consecutivos à marca japonesa. Importa dizer que a Toyota faz carros para ganhar, mas também quer que os seus clientes ganhem, é nesse sentido que lançou o Yaris Rally 2.
Salto a 170 km/h
Tive a oportunidade de andar ao lado de Bruno Magalhães, vice-campeão europeu e tricampeão nacional de ralis, num percurso de terra/lama e, na pele de navegador, fiquei surpreendido pelo potencial e eficácia do Yaris Rally 2. O facto de ter sido desenvolvido por vários pilotos experientes foi fundamental para conceber um carro que funciona bem a vários níveis. Depois desta experiência não consigo imaginar o que será o Yaris Rally 1 de Kalle Rovanpera e Sébastien Ogier, que tem sido mais rápido no asfalto, mais eficaz na neve e mais forte na terra do que os concorrentes. As primeiras sensações foram estranhas. Travagem tardia, entrada demasiado rápida em curva, o carro a escorregar, mas tudo isso era normal. Com o piso muito escorregadio devido à lama, o volante deve ser tratado com luva branca, foi isso mesmo que fez Bruno Magalhães com grande mestria, mostrando que continua a ser dos melhores pilotos de ralis. Na zona mais rápida e com um salto pelo meio atingimos os 170 km/h sem dar por isso – a suspensão é extremamente eficaz e permite atacar as lombas com o acelerador a fundo. A sensação ao saltar foi muito boa, sente-se as rodas no ar e a aterragem fez-se com suavidade, o que mostra a qualidade do amortecimento do conjunto MacPherson em piso de terra. Nas zonas sinuosas, pareceu ser um carro ágil e fácil de inserir em curva. Os poucos quilómetros que fiz deram para sentir a eficácia da tração integral, mesmo em piso escorregadio o Yaris curvava bastante depressa, e quando o piloto castigava o acelerador saiam derrapagens espetaculares.
Perto da perfeição
O Toyota Supra GT4 Evo é um dos porta-estandartes do que de melhor a marca nipónica faz. O carro foi desenvolvido pela Gazoo Racing e destina-se a equipas privadas que disputam os campeonatos de velocidade em todo o mundo. Desde 2020 ganhou corridas em 11 países e conseguiu mais de 500 pódios e foi campeão ibérico este ano com a equipa Speedy Motorsport.
O motor 3.0 litros de seis cilindros turbo com 450 cv é praticamente idêntico ao que equipa o modelo de série, apenas recebeu uma cartografia diferente. A suspensão foi melhorada com novos amortecedores e barra estabilizadora, o sistema de travagem está mais eficaz e o ABS tem uma nova afinação, tudo isto para melhorar o rendimento e a estabilidade em curva.
Tive a oportunidade única de andar ao lado de José Pedro Fontes num dos melhores carros de velocidade (foi montada uma segunda bacquet), num dos mais modernos e seletivos circuitos do mundo como é o Autódromo Internacional do Algarve, mas a experiência não é aconselhável a pessoas de coração fraco. O interior do Supra GT4 é impressionante, apenas via os tubos do arco de segurança, botões e interruptores, o que aumentou ainda mais a expectativa para o que vinha a seguir. Depois do cumprimento de cortesia e de um «vamos lá», o piloto acelerou a fundo e partimos como uma bala, acompanhados por uma sonoridade violenta. Bastaram poucas centenas de metros para perceber que o Toyota Supra GT4 Evo nasceu para as pistas, e quando é superiormente conduzido ainda é melhor. A sensação de potência mete respeito, duas curvas bastam para nos adaptarmos ao ritmo desenfreado do Supra. A condução apurada do piloto de serviço, a eficácia da suspensão e o controlo de tração permitem manter um ritmo elevado e curvar com uma rapidez impressionante.
A capacidade de travagem é igualmente impressionante, sobretudo nas solicitações mais fortes. Uma particularidade do Supra GT4 Evo é que o banco do piloto está fixo, apenas o conjunto de pedais (acelerador e travão, não tem embraiagem porque as partidas são lançadas) tem regulação para se adaptar a estatura dos pilotos. O arrefecimento do cockpit foi otimizado para proporcionar maior conforto a quem está ao volante, já que cada corrida tem 50 minutos de duração.
Parece tudo fácil para o piloto. Travagens violentas, entrada em curva com golpes precisos e acelerações fortes para aproveitar ao máximo o motor são as regras básicas da condução em pista que José Pedro Fontes cumpre na perfeição, não vi uma única correção de volante. Entre acelerações e travagens, a experiência foi bastante interessante e deu para perceber quanto eficazes são as novas máquinas de velocidade. «Estes carros cada vez são mais fáceis de guiar, embora para ser o melhor é sempre difícil. Antigamente, os carros eram mais complicados de conduzir, o Supra é friendly», frisou o piloto que foi campeão nacional de Fórmula Ford, de Velocidade e de Ralis e vencedor do Iberian Rally Trophy FIA.
Por cima de toda a folha
A presença da Toyota Caetano na competição passa também pelo todo-o-terreno com a poderosa “dama negra”, é assim que é conhecida a Toyota Hilux T1+ Evo conduzida por João Ramos. É um verdadeiro protótipo com chassis tubular, carroçaria em fibra de carbono, motor V6 3.5 biturbo com 400 cv, tração integral, caixa sequencial de seis velocidades e sofisticadas suspensões que absorvem as irregularidades do piso com uma facilidade surpreendente e permitem passagens em curvas a velocidades quase assustadoras, sobretudo em caminhos de terra mais estreitos e sinuosos. A versão Evo é 10 cm mais larga, o que aumenta a estabilidade e permite manter um ritmo vertiginoso. Sempre que a traseira escorregava João Ramos dominava o bonito bailado da “dama negra” com golpes precisos de volante, ao mesmo tempo que doseava o acelerador.
A nova geração de veículos de todo-o-terreno de competição atingiu um nível de performances e eficácia incríveis. O motor V6 desta pick up tem um “poder de fogo” semelhante ao de um carro de rali de topo, e a eficácia do sistema de transmissão integral e os monstruosos pneus de terra montados em jantes de 37 polegadas deixam a Hilux agarrada à estrada. De modo a reduzir o impacto ambiental, os modelos de competição Toyota utilizam combustível 100% sintética, esta gasolina é produzida através de um processo químico, a partir da combinação de hidrogénio com dióxido de carbono (gerando moléculas de hidrocarbonetos) e sem quaisquer recursos ao petróleo.