Mais de 60% dos portugueses só consegue poupar menos de 10% do seu salário líquido e 38% guarda nem 5% do que recebe, segundo o estudo “Consumer Sentiment Survey 2024” da Boston Consulting Group (BCG).
Mas para aqueles que pretendem aplicar o salário extra de setembro e outubro, fruto das alterações das tabelas de IRS, ou para quem pretende rentabilizar uma parte ou a totalidade de algum dos subsídios, o i fez uma pesquisa dos vários produtos em que pode aplicar o seu dinheiro.
Se para aqueles que são muito propensos ao capital garantido e avessos ao risco é possível encontrar várias soluções no mercado também para os quem preferem arriscar é possível optar por alternativas.
Mas não se esqueça que um fundo de emergência para o curto prazo e um complemento para a reforma são dois tipos de poupança que deve ter.
Depósitos a prazo
A sua simplicidade é uma das vantagens e aliado a isso há que contar com a subida da remuneração oferecida por este produto de poupança. A taxa de juro dos novos depósitos a prazo tem vindo a descer fruto da redução das taxas diretoras por parte do Banco Central Europeu (BCE). De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares voltou a diminuir em setembro, fixando-se em 2,55%. Trata-se da nona queda consecutiva, com uma redução de 0,02 pontos percentuais face ao mês anterior, e é também o valor mais baixo desde setembro do ano passado. Mas apesar da descida da remuneração, o montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares aumentou ligeiramente, totalizando 11.603 milhões de euros em setembro, mais 40 milhões de euros do que em agosto. De acordo com a Deco Proteste, ainda vale a pena investir neste produto de poupança, mas exige cuidados. “Deve procurar sempre as melhores ofertas do mercado e uma taxa superior à da inflação esperada para esse ano, de forma a garantir rendimento real positivo, ou seja, acima de 2,8% bruta. A maior parte das propostas com este rendimento são de bancos mais pequenos, online e de capital estrangeiro, com especial destaque para contas promocionais de curto prazo para captar novos clientes ou novos capitais. Devem ser privilegiados os depósitos por prazos um pouco mais longos (12 ou 24 meses) de forma a garantir que se recebe a remuneração durante um período que se antevê como de descida das taxas de juro”. É certo que o capital está garantido e a liquidez é imediata. E se não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e, no pior cenário e se o banco falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular.
Certificados de aforro e CTPC
Até há pouco tempo, os Certificados de Aforro foram os campeões na atração das poupanças, mas em junho do ano passado o Governo mudou as regras, tornando este produto menos atrativo e, tal como acontece com os depósitos, também aqui a remuneração cai com a descida das taxas de juro. A série F apresenta atualmente uma taxa de juro de 2,5%, com a possibilidade de aumentos através de juros trimestrais e prémios de permanência, que podem adicionar até 1,75% ao retorno. O investimento mínimo é de apenas 100 euros, com montantes de reforço a partir de 10 euros.
Recentemente, o teto máximo para a subscrição dos Certificados de Aforro da série F foi elevado de 50 mil euros para 100 mil euros por aforrista. Para quem possui Certificados das séries E e F, o limite acumulado aumentou de 250 mil euros para 350 mil euros. Esta alteração reforça a atratividade do produto, especialmente em um contexto onde as taxas de juro dos depósitos a prazo estão a diminuir.
A verdade é que o valor médio diário de subscrição dos Certificados de Aforro mais do que duplicou (150%) com a entrada em vigor das novas regras que aumentaram os limites das condições de comercialização, segundo informação divulgada pelos CTT.
Outra alternativa são os Certificados do Tesouro Poupança Valor (CTPV). O prazo é de sete anos a partir da data em que os subscreve. Só não pode resgatar o dinheiro durante o primeiro ano. Depois, pode resgatar a qualquer momento, seja na totalidade ou só uma parte. Recebe 0,7% nos dois primeiros anos, subindo para 0,8%, 0,9% e 1% nos anos seguintes, e no sexto e sétimo ano oferecem uma remuneração de 1,3% e 1,6% bruta.
Os dois produtos são instrumentos de dívida pública com capital garantido, o que significa que o dinheiro só estaria em risco se o Estado Português entrasse em falência.
Obrigações do Tesouro
Até há bem pouco tempo, adquirir Obrigações do Tesouro (OT) era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou longo prazo com capital garantido. Mas se, em 2016, as OT ganharam uma nova vida quando o Estado lançou as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), o produto foi perdendo atratividade e, com isso, aumentou a tendência de desinvestimento que as famílias portuguesas tinham vindo a traçar em títulos de dívida.
Como funcionam? Ao comprar obrigações está a emprestar dinheiro a quem as emite (empresas, estados e outras entidades), que lhe paga uma remuneração por esse dinheiro.
Quanto ao risco, é semelhante ao dos certificados, ou seja, só há risco de perder capital se o Estado entrar em incumprimento.
Plano Poupança Reforma
A principal vantagem dos PPR era o benefício fiscal que proporcionavam, pois permitiam deduzir 20% das entregas anuais efetuadas até 300, 350 ou 400 euros, consoante a idade do subscritor. Mas as regras mudaram: os limites são em função da idade (400 euros até aos 35 anos, 350 euros entre os 35 e os 50 anos ou 300 euros para quem tenha mais de 50 anos), conjugados com os limites das deduções totais à coleta.
A maioria dos PPR têm capital garantido, por isso, o perfil de risco é moderado. A possibilidade de resgatar este produto mais cedo do que estava previsto está a torná-lo menos apetecível.
Para subscrever o seu PPR poderá fazer ou uma entrega de dinheiro única (a totalidade do que pretende subscrever) ou uma entrega inicial e reforços periódicos, que podem ser mensais ou trimestrais, por exemplo. Pode começar por valores mais baixos e aumentá-los posteriormente, quando tiver maior disponibilidade financeira – o facto de permitir entregas regulares e de quantias pequenas é aliás outra das vantagens dos PPR. É também possível transferir facilmente o Plano Poupança e Reforma que subscreveu para outro produto financeiro que venha a considerar mais vantajoso.
Bolsa
O investimento direto na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos, a cinco anos), para ultrapassarem as flutuações do mercado.
Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizarem a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentarmos adivinhar o melhor momento para investir.
Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado ativo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada, apostando em vários ativos e, eventualmente, em classes de ativos distintos.
Não se esqueça da regra de “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e setores, consegue reduzir as flutuações do investimento.
Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros, pois a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil de investidor.
Ouro
O ouro continua a ser visto como um bom investimento de refúgio no caso de uma grave crise mundial e de colapso do sistema financeiro. No entanto, esta vantagem só se aplica ao metal em termos físicos, já que, no que toca ao investimento em produtos financeiros associados ao ouro (fundos, ETF, entre outros), é preciso ter em conta que a cotação desta matéria-prima é extremamente difícil de prever.
Há ainda outras desvantagens que estão associadas ao seu potencial de valorização e à especulação no mercado. E, ao contrário do que possa pensar, quando decidir vender as barras, nada garante que ganhe dinheiro. Se considerarmos as comissões e as margens praticadas pelos bancos, a perda será ainda mais agravada. É muito provável que, mesmo num período de subida da cotação internacional do ouro, não consiga um melhor preço pelas barras, dado o diferencial que existe entre o valor da venda e o da compra.
Mas, independentemente da forma escolhida para investir no metal precioso – desde tê-lo nas mãos, comprando moedas e barras ou investindo em produtos financeiros com exposição ao ouro –, o investidor deve ter sempre em consideração o horizonte temporal, que deve ser encarado numa perspetiva de longo prazo, e as perdas potenciais do investimento, já que, numa perspetiva de curto prazo, o ouro pode perder algum do seu brilho.
Fundo de emergência
O primeiro passo é eliminar os gastos excessivos. Não há nenhuma fórmula mágica para ter as contas equilibradas e conseguir poupar. Ou ganha mais ou gasta menos. Como, nas finanças pessoais, nem sempre é fácil aumentar os rendimentos, há que controlar os custos. Depois de fazer o mapa de receitas e despesas, deve procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados sem que isso afete o seu bem-estar. Veja quanto pesam no seu orçamento. Pode estar aí a resposta para o facto de não poupar ou poupar pouco.
O ideal é anotar todas as dívidas (quanto falta pagar, prestação, prazo e juros) e defina as que quer eliminar. Deve começar pelas dívidas com os juros mais altos. Se a curto prazo não vê qualquer possibilidade de eliminar ou reduzir dívidas, a sua capacidade de desendividamento é baixa. Aproveite os rendimentos extra para reduzir o peso das dívidas. Mas para avaliar a sua condição financeira é indispensável que saiba se está prevenido contra imprevistos. Seja o desemprego, seja uma baixa ou outra situação de emergência, há imprevistos que podem representar um descontrolo total no orçamento. Faça a pergunta: se deixasse hoje de trabalhar, por exemplo, por ficar desempregado, quantos meses conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? O ideal é ter um fundo de emergência (em ativos líquidos) que lhe permita viver pelo menos seis meses com o mesmo nível de despesas – ou seja, se tem 500 euros de despesas mensais, deverá ter um fundo de emergência de três mil euros.