Há uma história que tem muitos anos, mas que acho que se aplica que nem uma luva a muito boa gente do espaço mediático: reza então a lenda que um professor de Matemática tinha três turmas e todas apresentavam índices de reprovação a roçar os 100%. Queixava-se o docente de que os alunos eram uma cambada de burros e que não aprendiam a matéria de forma alguma. Até que ao seu lado alguém lhe diz: «Não achas que o problema está em ti?». Vem esta conversa a propósito das eleições americanas, que dizem respeito ao povo americano, mas que são vividas na Europa e não só, como se fossem suas. «Como é possível os americanos elegerem Donald Trump, aquele caceteiro que tentou uma golpada no 6 de janeiro, de 2021, além de prometer deportar imigrantes em barda, já não falando dos processo judiciais que enfrenta?», questionam-se muitos, alegando que com a sua eleição vem aí o fim do mundo.
Ora, a maioria dos americanos pensa precisamente o contrário e acha que Trump é o homem ideal para levar o país para a frente, permitindo uma melhoria da vida económica, e não só, a milhões de pessoas. Foram eles que decidiram e nada como respeitar a sua vontade. O futuro logo se verá. Se Trump vai deixar cair a Ucrânia ou não é algo que diz pouco aos americanos. Os europeus estão em pânico pois acreditam que Trump irá fechar a torneira da segurança do velho continente, obrigando-os a pagar pela sua defesa, e não só… E isso é imperdoável para quem gosta de gastar o seu dinheiro noutras coisas mais nobres…
Curiosamente, sendo a América um país tão demoníaco, qual será a razão para tantos milhões quererem ir viver para lá? Aqueles que atacam ferozmente Trump fazem o mesmo em relação, por exemplo, a Nicolás Maduro, que fez com que oito milhões de venezuelanos fugissem do seu país nos últimos tempos? Dizem alguma coisa sobre o terror em que vivem tantos sul-americanos às mãos de ditadores? Não, preferem acreditar que o fim do mundo vem aí com a chegada, de novo, de Trump à Casa Branca.
Parece óbvio, segundo os vários estudos, que o Partido Democrata perdeu a sua base de apoio, a classe operária, ficando com a classe intelectual que, como sabemos, tem uma visão da realidade muito própria. Vilma Gryzinski, da revista Veja, fez uma leitura muito curiosa que não posso deixar de partilhar. Depois de lembrar as vedetas que apoiaram Kamala Harris, de Taylor Swift a Oprah Winfrey, Gryzinski falou das gafes de Trump, desde os haitianos que comem gatos e cães até aos insultos do candidato vencedor, para dissertar sobre a mudança de voto dos eleitores: «O Partido Democrata, tradicionalmente representante dos subordinados, funcionários operários, descendente de imigrantes, católicos, latinos e negros, em contraposição aos chefes, patrões e wasps em geral – brancos das igrejas protestantes tradicionais –, transformou-se no porta-voz dos identitários da classe média formada nas universidades onde se prega que o Hamas é o mocinho e Israel o bandido, dos jovens que celebram quando garotas enfrentam transexuais parrudos no esporte, dos milionários que abraçam causas progressistas como se isso fosse a justificativa para suas fortunas».
Só não vê quem não quer ver. As pessoas estão fartas dos movimentos woke e todos querem uma imigração controlada – fala-se que Trump ganhou muitos votos de imigrantes que não querem a concorrência de imigrantes ilegais. É mesmo a ironia da vida. A Europa vai ter de aprender que só vai poder enfrentar o poderio da China, EUA e Índia, entre outros, se voltar a pôr os pés na terra, deixando de encomendar Ubers e afins quando pode ir pelas suas próprias pernas.
Telegramas
Almas gémeas
A ministra da Administração Interna tem revelado uma inabilidade para falar em público impressionante, conseguindo bater o presidente do Sporting, que tem um magnífico trabalho para apresentar, mas que deve dispensar a prova oral.
Fuga para a vitória
A PSP passou a ter, desde a nova direção, relatórios diários dos vários comandos espalhados pelo país. Em Lisboa, a Polícia deu conta de que deteve dois homens estrangeiros pela prática de crime de furto qualificado, ambos referenciados por diversos assaltos em Campo de Ourique. Depois de serem libertados, abandonaram o Campus de Justiça e, uns metros à frente, foram de novo detidos por estarem a cometer outro assalto. Podia ser uma anedota, mas não é….
O amigo Marcelo
O Presidente da República deve ter ficado doente por não ter podido ir ao funeral de Odair Moniz, mas já tratou de ir visitar a família. Mas fez o mesmo com os familiares do motorista que ficou com sequelas para o resto da vida?