O consumo energético dispara com a chegada do frio e a fatura da eletricidade acompanha a subida E a partir de janeiro, o preço da eletricidade pode aumentar 2,1% no mercado regulado, de acordo com a proposta anunciada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). Esta atualização na tarifa da eletricidade traduz-se num “aumento entre 0,65 e 1,63 euros na fatura mensal”, sem contabilizar taxas e impostos, revelou o regulador. Já com taxas e impostos, “a fatura mensal apresentará reduções entre 0,82 e 0,88 euros no início do próximo ano, devido à alteração legislativa que aumenta o valor do consumo de energia sujeito à taxa reduzida de IVA”. Mas, apesar deste aumento se aplicar aos consumidores no mercado regulado, é de prever que se vá refletir também no mercado livre.
Qual a melhor solução? As ofertas disponíveis no mercado são as mais variadas e também apresentam custos diferentes. Mas a fórmula é simples: escolher o aparelho ideal e saber usá-lo com eficácia permite poupar na fatura da luz.
Os aparelhos de ar condicionado do tipo inverter são, sem dúvida, o sistema de eleição: além de mais económicos e eficientes, proporcionam um grande conforto térmico quer de inverno, quer de verão. Em contrapartida, os custos de instalação desta solução podem não estar ao alcance de todos e só ao quarto ano é que podem ser considerados a alternativa mais económica.
Daí ser natural que a escolha dos portugueses recaia em opções mais baratas no momento de aquisição do aparelho. Por isso mesmo, os aquecimentos portáteis ganham grande importância e são usados por grande parte dos portugueses. Para quem considera que esta é a melhor modalidade, o termoventilador pode representar a melhor escolha porque apresenta um consumo menor. Em resumo: o preço mais reduzido e a portabilidade são as grandes vantagens; não exigem grande investimento nem manutenção e conseguem aquecer rapidamente uma divisão.
Dentro desta família, os termoventiladores e os convectores são uma solução para aquecer a casa. Mas nem tudo são boas notícias: o cenário arrefece na hora de fazer contas ao consumo (ver dicas ao lado).
Outra solução passa pelo ar condicionado portátil. De acordo com a Deco, não é a melhor aposta. “Devido aos custos de aquisição elevados, conjugados com as baixas eficiências (muito menores do que a solução fixa), o ruído elevado e o baixo conforto, não recomendamos os aparelhos de ar condicionado portáteis”, refere a associação.
Dos vários aquecedores portáteis, a Deco Proteste analisou o desempenho de termoventiladores, convectores e emissores de calor. Para tal, mediu o tempo de utilização e o consumo para se fazer sentir um aumento de temperatura de 10ºC (dos 15ºC para os 25ºC) numa sonda colocada em frente aos aparelhos, simulando alguém que procurasse aquecer-se sentado próximo dos mesmos. Atenção: os 25ºC não corresponde à temperatura final da divisão e nem convém, pois, no inverno, a temperatura de conforto deve oscilar entre os 18ºC e os 20ºC. O termoventilador, por possuir uma ventoinha que ajuda a dispersar o ar quente com rapidez, demorou cerca de 23 minutos para aumentar a temperatura. O convector precisou de perto de 44 minutos e com o emissor de calor só ao fim de mais de uma hora (73 minutos) a sonda mediu 25ºC, o que se traduziu num consumo de eletricidade superior.
Se, todos os dias e por cinco meses, o consumidor usar o equipamento duas vezes por dia nestas condições — para se aquecer pontualmente —, o custo anual com o termoventilador será de 43 euros, enquanto o convector custará 74 euros e o emissor, por ser mais lento e necessitar de funcionar mais tempo, gastará 101 euros
Formas mais tradicionais
Nem todos os aparelhos de aquecimento representam um aumento da fatura da luz e há quem continue a preferir as lareiras em detrimento das outras soluções. Avaliando os custos, uma lareira a lenha funciona através da queima de madeira, que é facilmente acessível e barata, apesar de termos vindo a assistir a aumentos dos preços nos últimos meses. No entanto, ela implica a organização de um espaço de armazenamento dos materiais até à sua utilização e o manuseamento dos mesmos na altura de pôr a lareira a funcionar.
O certo é que a queima de madeira permite a obtenção de temperaturas mais altas de uma forma mais rápida que qualquer outra fonte de aquecimento. Mas também é verdade que, devido à necessidade de existência de uma chaminé (para escoamento de fumos e partículas nocivas produzidas), grande parte do calor acaba por não ser aproveitado, escapando assim para o exterior.
Outra solução é o recuperador de calor. Este é um sistema de aquecimento muito semelhante às lareiras no sentido em que utiliza lenha e pellets como combustível. Mas apresenta muito maior eficácia energética.
Outras poupanças
A verdade é que há medidas que pode tomar e que apresentam custo zero. “É muito comum ocorrer um sobreaquecimento inútil da divisão. Evite deixar os aparelhos a funcionar durante longos períodos sem controlo. Caso sinta que a temperatura começa a ser excessiva, desligue o modelo ou reduza a regulação do termóstato de modo que o aparelho pare ou se desligue”, aconselha a Deco.
Não se esqueça que, a par da região do país, também a área da casa e o tipo de construção influenciam a decisão. “A localização da casa, por exemplo, é um fator de peso no funcionamento global do sistema de aquecimento. É bem diferente viver no norte do país, onde os invernos são mais rigorosos, e viver no sul, onde a temperatura é mais amena. Ter um apartamento ou uma moradia é também um elemento importante. Em regra, as vivendas têm áreas e tipologias maiores e, por isso, as necessidades energéticas podem ser distintas”, refere a associação.