“Fui um tonto”: Simon e Garfunkel reconciliam-se

Aos 83 anos, Paul Simon e Art Garfunkel, que foram os melhores amigos durante a juventude e depois romperam, fizeram as pazes. A história de uma relação com altos e baixos.

Foi uma daquelas amizades, caso bastante frequente, que não conseguiram sobreviver ao sucesso. Mais de 50 anos depois da grande rutura em 1969, Paul Simon e Art Garfunkel reconciliaram-se num almoço. «Fui um tonto», reconheceu Garfunkel ao Sunday Times. «Queria pedir desculpa antes que fosse demasiado tarde. Agora acho que há um clima maravilhoso entre nós os dois». Já em 2001 Paul Simon tinha manifestado o desejo de se reconciliarem.

Em jovens, Paul Simon e Art Garfunkel eram os melhores amigos. Nascidos com apenas três semanas de diferença, cresceram no mesmo bairro e conheceram-se em 1953, na Escola  Pública 164, de Queens (Nova Iorque), quando ambos participaram na peça de teatro Alice no País das Maravilhas. Paul era o Coelho Branco, Art o Gato de Cheshire, que aparecia e desaparecia quando queria. Interessados por música, começaram a tocar e a cantar juntos – e descobriram que as suas vozes casavam especialmente bem.

A primeira banda que formaram chamava-se Tom &_Jerry – um nome apropriado se tivermos em conta os altos e baixos por que a sua relação viria a passar.

O seu primeiro álbum, Hey, Schoolgirl, muito influenciado pelos seus ídolos, os Everly Brothers (com quem décadas mais tarde haviam de tocar), foi um sucesso assinalável: vendeu 100 mil discos.

Mesmo quando os estudos os levaram por caminhos diferentes – Simon entrou para o Queens College da Universidade de Nova Iorque  e Garfunkel para a Universidade de Columbia, a música continuou a uni-los. E, quando Paul terminou o curso de Direito, mostrou ao amigo algumas das canções que tinha escrito, já no estilo folk que tanto apreciava. Foram incluídas no álbum Wednesday Morning, 3 A.M., gravado com a Columbia Records e lançado em 1964. Ao contrário do primeiro, não teve grande sucesso.

A primeira rutura deu-se logo a seguir, com Paul a mudar-se para Londres. Enquanto em Nova Iorque era já uma estrela, na capital britânica passava incógnito, e cantava em pequenos clubes.

Entretanto, em 65, uma canção do álbum Wednesday Morning, 3 A.M., começava a passar na rádio cada vez com mais insistência. Era ‘Sounds of Silence’, que conquistou o primeiro lugar dos tops no Ano Novo de 1966. Simon regressou a Nova Iorque e votou a formar o duo com Garfunkel. O sucesso a sério estava prestes a começar.

Veio com a banda sonora do filme The Graduate (1967), de Mike Nichols, com Dustin Hoffman no papel principal, que incluía ‘Mrs. Robinson’.

O lançamento do álbum Bridge Over Troubled Water, em janeiro de 1970, coincidiu com um sério desentendimento. «Fomos os melhores amigos até Bridge Over Troubled Water», disse Paul Simon à revista People. A partir daí, deixou de haver harmonia. Na origem da zanga esteve a participação de Garfunkel, que queria seguir uma carreira de ator, no filme Catch-22. Enquanto ele estava nas filmagens, esperava que o amigo fizesse o trabalho do novo álbum. A parceria foi restabelecida, mas a relação nunca mais foi a mesma. Quando deram o famoso concerto em Central Park, em 1981, já estavam completamente de costas voltadas. Em 2003 também voltaram a reunir-se para o tour Old Friends. Aí notava-se que a sintonia ainda não era perfeita. Aos 83 anos, fica a questão de se equacionam voltar juntos aos palcos, como avançou o filho de Garfunker, ou se é já demasiado tarde para isso.