CSM cria grupo de trabalho para Operação Marquês

O ex-primeiro-ministro e principal arguido no processo “Operação Marquês”, José Sócrates, acusa o Conselho de se “colocar publicamente ao serviço do jornal Observador”

O Conselho Superior da Magistratura (CSM) criou um grupo de trabalho para acompanhar e acelerar a tramitação da ‘Operação Marquês’”. A criação do grupo responde “ao intenso acompanhamento público” e ao “impacto que a demora processual pode ter na confiança dos cidadãos”.

“O vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, juiz conselheiro Azevedo Mendes, criou um grupo de trabalho destinado a acompanhar a tramitação dos processos relacionados com a “Operação Marquês”. Esta decisão surge em resposta ao intenso acompanhamento público deste caso e ao impacto que a demora processual pode ter na confiança dos cidadãos na Justiça”, revelou o CSM.

O grupo de trabalho tem como principal objetivo “identificar e propor medidas de gestão que promovam uma tramitação mais célere e eficaz dos processos, dada a reconhecida complexidade deste caso” e a sua atividade será complementada “pela recolha e sistematização de toda a informação relevante”. Esta inclui questões de jornalistas colocadas ao Conselho e respetivas respostas, e também queixas relativas aos processos.

“Com esta medida, o CSM reafirma o seu compromisso em contribuir para uma tramitação processual mais célere, alinhada com as expectativas da sociedade e com os padrões de transparência exigidos ao sistema judicial”, justificou o CSM, de acordo com a agência Lusa. 

Em reação à criação do grupo de trabalho, e em carta dirigida ao presidente do CSM, o ex-primeiro-ministro e principal arguido no processo “Operação Marquês”, José Sócrates, acusa o Conselho de se “colocar publicamente ao serviço do jornal Observador – da sua agenda e da sua motivação política que, como é sabido, é profundamente alinhada com a visão da direita política”.

A criação do grupo de trabalho foi noticiada na terça-feira pelo jornal Observador.

“Chegámos portanto a este ponto – o Conselho não informa os interessados, informa o ‘Observador’”, criticou José Sócrates, que na carta ao presidente do CSM, o conselheiro João Cura Mariano, pede para ser informado dos objetivos, fundamento e missão do grupo de trabalho.

Sócrates questiona ainda por que “não foi criado idêntico grupo para acompanhar outros processos a decorrer com prazos igualmente escandalosos, como por exemplo o processo EDP, o processo das parcerias público-privadas, o processo que envolve o antigo presidente do Benfica e por aí fora”.

Sobre a possibilidade de outros processos virem a ser alvo da sua atenção particular, o CSM responde que “analisa regularmente a tramitação dos processos judiciais, identificando situações que, pela sua complexidade, impacto social ou relevância institucional, possam justificar medidas específicas de acompanhamento ou apoio à gestão processual”.