Os Tempos correm…

O nosso planeta é a nossa casa comum. Hoje, a nossa casa está feia e desarrumada. Anda muito mal frequentada…

É quando o olhar fica preso ao que está errado, confuso e incerto, que devemos elevar a esperança para um novo tempo e a convicção de que algo de bom irá acontecer. É por isso que este texto é otimista, porque olha para uma certa confusão dos dias presentes, mas deixa uma esperança muito grande no futuro.

O nosso planeta é lindo! Basta ver as imagens que desde o espaço registam essa visão única que poucos tiveram a possibilidade de ver ao vivo. As que foram recolhidas pelos astronautas do voo espacial norte-americano Apollo 8 [1968] são um testemunho dessa beleza. Desse espólio fazem parte a primeira imagem completa da terra a partir do espaço e, também, a primeira imagem do planeta Terra retirada desde a Lua feitas por humanos. Não há descrição para aquelas cores, que são lindas… Cada cor dessas imagens parece ser de um pantone único. O azul dos mares tem uma força impossível de ser comparada.

O nosso planeta é a nossa casa comum. Hoje, a nossa casa está feia e desarrumada. Anda muito mal frequentada… A nossa casa já foi mais bonita e apesar de sempre ter tido a frequência de umas quantas pessoas pouco recomendáveis, parece que agora está pior. Há pouco anos atrás este nosso lar comum estava mais organizado. Para o bem e para o mal, sabíamos com o que contar…

Hoje o mundo organiza-se de forma diferente. Para onde olhamos há sempre algo que nos inquieta profundamente. Que nos desassossega! Guerras que não despertam qualquer rasgo de diálogo. Políticos sem sentido de missão ou responsabilidade. Recursos naturais desperdiçados e que começam a escassear.

Proliferam opiniões sobre tudo e sobre todos. Qualquer um de nós, parece ter a solução para os mais complicados problemas da humanidade. Qualquer desafio ameaçador para a humanidade tem resolução através de meia dúzia de frases escritas numa rede social ou noutro espaço da internet. É quase o mesmo que se passa numa roda de conhecidos no café quando de forma rápida apresentamos a solução para qualquer problema que o mundo enfrenta. Só a viralidade é diferente e isso faz toda a diferença. De um para muitos, num muito curto espaço de tempo, ao contrário da conversa de café que, na maior parte das vezes, fica perdida na mesa. Tudo o que nos rodeia parece ter perdido complexidade. O pensamento profundo e amadurecido exige trabalho e esforço. Pensar dá trabalho! É muito mais fácil ficar agarrado a ideias e opiniões superficiais, que não requerem trabalho ou esforço. É mais cómodo ficar-se agarrado a meia dúzia de balelas sem sentido.

O século em que vivemos está repleto de movimentos e dispositivos técnicos com a capacidade de modificar a realidade num curto espaço de tempo. A tudo é conferido um tempo associado à rapidez, ao instantâneo e descartável, numa missão imposta pela velocidade com que correm os tempos. Nos dias presentes, o fascínio advém do que é novo, mas é necessário entender o rasto na história.  O novo está cada vez mais presente nas atividades promovidas pela organização social e cada vez mais inserido num ambiente de recurso a tecnologias que remetem o velho, e, o que não é novidade, para patamares apenas percebidos, na maioria, aquando do surgimento de movimentos revivalistas. As novas tecnologias cada vez mais inovadoras, vanguardistas, acessíveis e, também, cada vez mais nanificadas, são a confirmação da existência de objetos técnicos que potenciam novas formas de relacionamento com a vida e com as sociedades.

Hoje é a inteligência artificial (IA) presente no quotidiano que marca a evolução para os próximos tempos. Seguindo o raciocínio otimista que se que aplicar neste texto, será na utilização da IA que devemos colocar a esperança num mundo melhor, mais equilibrado na justiça e na paz. Tal como há uns anos atrás com as redes sociais, a inteligência artificial será aquilo que cada um fizer do seu uso. Com as redes sociais muitas imbecilidades que por lá se escrevem e escreveram ganharam ampliação e marcaram um descrédito que vira crédito e que não dá espaço ao otimismo. É uma pena que todos sintam que têm algo a dizer ao mundo. Esperemos que a inteligência artificial não se transforme em parque de diversões ou ambiente de conflito, mas que seja algo que suplemente a nossa inteligência.

Vamos aprender a lidar com a Inteligência Artificial?

Hummmmm!!!! Esqueci-me de falar da preguiça, pois esta variável terá muito a dizer  sobre tudo o que aqui foi escrito.

Professor Universitário
Diretor da licenciatura em Ciências da Comunicação – Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação da Universidade Lusófona -Centro Universitário de Lisboa.