Habituem-se a Trump 

Procuraram-se logo razões para a derrota da candidatura democrata, sendo que a primeira explicação de que as cabeças distorcidas da generalidade dos opinadores se lembraram foi a de que Harris perdeu por ser mulher! Nada mais falso. Perdeu não por ser mulher, mas sim, apesar de ser mulher!

Na noite imediatamente a seguir à vitória de Donald Trump, na última peça do principal noticiário do dia da TVI, os dois apresentadores, hirtos e com o semblante carregado, como se estivessem em frente a um pelotão de fuzilamento, e em que só faltaram apenas algumas lágrimas a escorrerem pelas faces para dar maior dramatismo à representação a que se prestaram, apresentaram um trecho do filme “O grande ditador” e em que Charlie Chaplin interpreta o papel de Adolf Hitler. 

Este é o retrato da nossa imprensa, supostamente isenta e imparcial, atributos que deveriam ser essenciais para a concessão de uma licença televisiva. 

Durante os meses que antecederam as eleições norte-americanas, todos os canais de televisão, sem excepção, e socorrendo-se, para o efeito, de um largo painel de comentadores políticos e de políticos comentadores, procuraram diabolizar o então candidato Trump, antevendo os piores cenários para a paz mundial caso ele lograsse alcançar novamente a Casa Branca. 

Em sentido contrário, quase que se santificou a sua principal oponente, Kamala Harris, vista como o derradeiro obstáculo para o holocausto resultante de uma possível vitória do candidato republicano. 

Contra todas as previsões em que a nossa imprensa se aventurou, Trump obteve uma vitória contundente, reforçando, em muito, a sua base eleitoral de apoio. 

Procuraram-se logo razões para a derrota da candidatura democrata, sendo que a primeira explicação de que as cabeças distorcidas da generalidade dos opinadores se lembraram foi a de que Harris perdeu por ser mulher! 

Nada mais falso. Perdeu não por ser mulher, mas sim, apesar de ser mulher! 

Harris foi uma fraca candidata, sem um discurso coerente e incapaz de articular uma única ideia válida. 

Como exclusiva bandeira eleitoral, e julgando poder, dessa forma, atrair o voto feminino, brandiu a defesa acérrima do aborto, havendo mesmo, entre o seu  grupo mais próximo, quem defendesse a interrupção da gravidez até praticamente ao dia do nascimento. 

Puro engano, até a maioria das mulheres lhe virou as costas e apostou no candidato supostamente misógino e chauvinista. 

Atente-se que os norte-americanos, nos dias de hoje, não hesitam em depositar o seu voto em mulheres, quando nelas confiam, sendo disso um flagrante exemplo o elevado número de congressistas do sexo feminino que, para chegarem ao Senado e à Câmara dos Representantes, lograram superar fortes candidaturas protagonizadas por homens. 

A opinião publicada esforçou-se igualmente por nos impingir uma outra razão para a vitória do trumpismo, a de que os norte-americanos, na hora de votar, fazem-no com a algibeira. 

Trata-se de uma meia-verdade, porque, de facto, as questões económicas são, regra geral, um factor determinante quando depositam o seu voto na urna, mas, desta vez, não havia uma motivação sólida para castigar a administração Biden em função do estado da economia, porque esta se apresenta saudável e em crescimento sustentável. 

A economia dos Estados Unidos está bem e recomenda-se. Quem nos dera a nós, europeus, usufruir de condições financeiras semelhantes às verificadas no segundo maior país do continente americano. 

Um opinador de terceira categoria e que marca presença constante em colunas de jornais e em programas televisivos, e que em tempos se passeava pelo partido mais radical da esquerda extremista, o tal que agora está reduzido a escassos cinco deputados, sentenciou que os norte-americanos, entre a economia e a democracia, preferiram a primeira. 

Mentira! 

A democracia, como é óbvio, não está em perigo pelo regresso de Trump à Casa Branca, bem  pelo contrário, os Estados Unidos viveram um período de estabilidade durante o seu primeiro mandato, apenas perturbado pelas disputas resultantes de uma pandemia da qual se retiraram dividendos políticos. 

Além de mais, convém não esquecer, Trump foi o único presidente norte-americano que, nas últimas oito décadas, não iniciou qualquer conflito armado em solo estrangeiro, tendo-se mesmo empenhado decisivamente em pôr cobro aos que herdou dos seus antecessores. 

Em sentido oposto, Barak Hussein Obama deixou, como legado da sua presidência, o Próximo Oriente a ferro e fogo, tendo-se entretido a conspirar para derrubar regimes sólidos e que funcionavam como tampão ao êxodo para a Europa de turbas desordeiras e apostadas em exportar o islamismo para além das suas fronteiras naturais. 

É, sem dúvida, o grande responsável pela contínua violação do espaço terrestre europeu por infiltrados cujo único objectivo é o de destruirem a civilização cristã.  

Biden não lhe ficou atrás e ficará para a História como o presidente que encorajou o alastrar de uma guerra em solo europeu e que deixa o mundo à beira de uma hipotética catástrofe nuclear. 

E esta realidade constitui precisamente um dos principais motivos que conduziram à vitória dos republicanos em toda a linha, considerando que os norte-americanos estão cansados de uma guerra que entendem não lhes dizer respeito e pela qual sofrem consequências que repudiam. 

Trump acenou-lhes com a promessa da rápida resolução deste conflito, privilegiando o diálogo entre as partes, ao invés da candidata democrata que pretendia seguir as pisadas do ainda inquilino da Casa Branca, cuja vontade é o de prolongar infinitamente a violenta contenda entre russos e ucranianos, fornecendo a estes últimos cada vez mais material de guerra. 

Mas há outra razão de peso para a vitória de Trump. Contra si apresentou-se uma candidata oriunda das franjas mais esquerdistas da ala esquerda dos democratas.  

Se Harris fosse portuguesa, certamente que militaria no partido das herdeiras de Trotsky! 

Biden saiu vitorioso há quatro anos porque representa a tradição do partido democrático, ou seja,   a imagem que vendeu foi a de um perfil centrista e liberal. 

Harris protagoniza a esquerda radical, acenando com ideias que nunca colheram qualquer tipo de aceitação por parte do eleitorado norte-americano. 

É esta esquerda libertária, que tem vindo a minar os alicerces de uma cultura europeia que bebeu no cristianismo as suas principais referências, quem saiu derrotada nas urnas. 

Os norte-americanos votaram contra os excessos das políticas suicidas que lhes têm sido impingidas nos últimos anos, em particular a ideologia do género e os grupos de pressão LGBT que a sustentam; a vitimização constante das minorias e a consequente culpabilização da população branca e heterossexual; e o completo descontrolo da imigração ilegal e o aumento da criminalidade a esta associada. 

No fundo, o que se passou foi o exibir de um cartão vermelho à cultura woke e às hostes que teimam em a disseminar junto de um povo que a rejeita. 

Trump, como pessoa, não se recomenda: vaidoso, mal-educado, inconstante, irreflectido, burgesso e conflituoso. 

No entanto, como político tem a coragem de remar contra uma corrente que pretende impor um pensamento único e condicionar o livre arbítrio de quem ousa pensar de maneira diferente. 

Tornou-se na derradeira salvação de quem se bate em oposição à ditadura do politicamente correcto que se instalou em quase todo o mundo ocidental e a sua vitória, mal-grado todos os defeitos de carácter que o definem, representa uma réstia de esperança para quem ainda acredita ser possível derrotar a tirania reinante na sociedade de hoje. 

Compreende-se o temor que se apossou dos ideólogos deste regime opressivo  e de todos os seus esbirros, mas, e parafraseando o anterior chefe do governo que nos caiu em sorte e que agora se pavoneia pelos corredores de Bruxelas, nos próximos quatro anos habituem-se. 

A Trump, claro está!