Não podem os benfiquistas deixarem de soltar um profundo suspiro de alívio após a vitória em Monte Carlo, perante o Mónaco, que o fez subir uns poucos de lugares na tabela classificativa desta Liga dos Campeões forma campeonato e, ocupando o 14.º lugar, um dos 16 que dão lugar aos play-offs. Uma vitória justa mas que voltou a meter uns poucos de desconchavos desnecessários sobretudo por via das repetidas facilidades que a defesa concede aos adversários, voltando a sofrer um golo na zona da pequena área onde Turbin, Araújo e Otamendi sofreram um ataque subido de passividade aproveitado tranquilamente por Ben Seghir, logo aos 13 minutos. Aliás, a entrada do Benfica em campo foi timorata e a equipa demorou a reagir à pressão dos monegascos. Bruno Lage apresentou o onze que parece estar já cristalizado na sua cabeça e os encarnados começam a sentir-se mais à vontade com o sistema, sabendo onde encontrar os companheiros nos vários tempos de jogo. Mas a barreira psicológica do medo tem de ser derrubada de alguma forma. É verdade que oMónaco ainda não tinha perdido nenhum dos quatro jogos anteriores mas, como ficou demonstrado, é por agora um adversário abaixo da qualidade do Benfica. E por não ser nenhum Bayern, era perfeitamente escusado ter perdido minutos preciosos a vê-lo jogar. Talvez o golo sofrido tenha tido o efeito de uma corneta no meio de um salsifré. A partir daí o conjunto de Lage passou a ter bola e a criar oportunidades. O empate de Pavlidis no início do segundo tempo e a expulsão de Singo aos 58 minutos parecia abrir às escâncaras os portões de ferro da vitória. Mas mesmo com menos um, o Mónaco voltou a tirar proveito de um erro defensivo para ganhar vantagem. Depois há que dizer que o treinador foi de Olhão, como diz o povo: as mexidas na equipa deram ao Benfica mais poder atacante e os dois avançados que entraram, Arthur Cabral (84’) e Amdouni (88’) viraram o resultado. Parece que valeu a pena acarinhar o brasileiro nestes últimos tempos. Agora, no próximo 11 de Dezembro, torna-se fundamental bater o Bolonha, na Luz e atingir a marca de 12 pontos que dará com muitas probabilidades acesso à fase seguinte.
O João não viu
Já órfão de Ruben Amorim, o Sporting foi valentemente sovado em Alvalade pelo Arsenal. É mais do que natural que os adeptos leoninos, ainda de cabeça à roda com aqueles 4-1 ao City, acreditassem piamente na vitória sobre estes outros ingleses que nem sequer são tão fortes como os azuis de Manchester. O jogo começou e acabou praticamente na primeira parte, com os leões a não apresentarem argumentos para evitar a goleada por 1-5. João Pereira, que teve a sua primeira experiência internacional como treinador parece não ter visto o Sporting-Manchester City. Ou pelo menos não tirou apontamentos sobre o que se passou na primeira parte desse desafio. Porque, na verdade, os primeiros 45 minutos foram muito parecidos com os de terça-feira passada e o City só por evidente demérito em frente à baliza não foi para o intervalo a ganhar por três ou quatro. Depois veio aquela entrada fulgurante após o intervalo a dar ao campeão nacional uma dinâmica que surpreendeu Guardiola – vendo bem, Guardiola deve continuar surpreendido com derrotas atrás de derrotas como se os seus jogadores estivessem cansados de ganhar. Segue-se o Brugge, na Bélgica, e a possibilidade de chegar aos 13 pontos que darão lugar aos play-offs. Mas ficou no ar uma sensação de vazio…
A queda dos gigantes
Um bocado escandalosa a posição do PSG, com apenas quatro pontos e a dois do adversário que o precede, o Real Madrid (imagine-se!). Ambos derrotados na última ronda, o primeiro em Munique e o segundo em Liverpool, vão precisar de dar ao pedal, embora o Real esteja no último dos lugares que dá acesso aos play-offs. A próxima jornada também não apresenta facilidades em excesso, com a nota de que qualquer um dos dois tem categoria para ganhar os três jogos que faltam. A saber: Atalanta-Real Madrid; Salzburgo-PSG; Real Madrid-Salzburgo; PSG-Manchester City; Brest-Real Madrid e Estugarda-PSG.
Deixando de lado o Liverpool, que ganhou cinco jogos em cinco, e comanda à vontade o pelotão, e o Inter, que só cedeu um empate (face aoCity), apenas três pontos separam o terceiro classificado, o Barcelona, do décimo sexto, o Milan. Pelo que, seguindo a lógica inevitável dos poderosos, ainda há muito grande nome com possibilidades de se apurar nos oito primeiros, aqueles que ficam desde logo com lugar nos oitavos-de-final, vendo os play-offs no sofá a comer uma linguiça com palitinhos, se lhes aprouver. Por exemplo, o Sporting trota em décimo com dez pontos e só por causa da tareia que levou doArsenal e que lhe engordou a conta de golos sofridos não está no lugar do próprio Arsenal, do Mónaco ou do Leverkusen, o trio que fecha o grupo dois oito comandantes. Curiosamente, mesmo com a disparatada posição do PSG, o contingente francês está em grande: Mónaco, Brest e Lyon têm todos 10 pontos. Acima de Bayern, City, Milan ou Juventus, por exemplo.