O recurso desregulado à IA é assim tão benéfico para nós?

Não sou contra o uso da IA, mas acho fundamental um debate amplo sobre uma possível regulamentação do seu uso, bem como o seu avanço descontrolado

A Inteligência Artificial (IA) é já uma realidade na nossa sociedade, são inequívocas as mais valias conhecidas e como ponto negativo principal, fala-se sobretudo na perda de postos de trabalho que já está a provocar.
No entanto, há outros perigos associados à IA e merecem uma reflexão profunda, que parece não interessar muito a determinados lobbies de poder.
O primeiro ponto negativo que associo à IA é o risco da perda de capacidade para pensar, sim é verdade, em vez de estar a escrever este artigo segundo o meu pensamento e a minha opinião, poderia recorrer ao ChatGPT e aparecia-me de imediato um texto acerca do tema. Nas escolas e universidades, os alunos têm ferramentas de IA que lhes facilita a vida, mas os dispensa de estudar, apreender e desenvolver novos conhecimentos. Se deixarmos de pensar, onde vamos parar?
Convém não esquecer que a IA não tem capacidade de pensamento critico, baseia-se nas informações colocadas nas suas bases de dados e da interação com os seus usuários, o que fragiliza, de certa forma, a sua fiabilidade.
Outro ponto negativo, é a facilidade com que se pode usar a IA para prejudicar alguém. Hoje, através da fotografia de uma pessoa, é possível fazer-se um vídeo da pessoa a transmitir uma mensagem qualquer. Pois é, já não estamos a falar das conhecidas montagens que se faziam, mas sim de algo mais impactante e por vezes difícil de percecionar a sua veracidade. A somar a este exemplo, há o risco do uso indevido ou de violação de dados pessoais com consequências danosas para as pessoas, incluindo a discriminação algorítmica e violações de privacidade.
Mas para além da falta de transparência, das preocupações com a privacidade, dos riscos de segurança, da dependência, da perda de postos de trabalho e outros fatores que devem ser levados em conta, qual o futuro do pensamento individual e da economia?
Já temos pinturas e esculturas feitas por robots, ainda agora foi leiloada uma pintura feita por um robot por 1 milhão de dólares! Mas como se pode substituir a inspiração e talento de um artista por uma máquina?!? Para onde caminhamos?!?
Relativamente à economia, a IA é vista, apenas, como uma grande mais valia para as empresas, porque aumenta a eficiência e reduz os custos com mão de obra, parece estarmos perante uma nova circunstância que vai gerar muito melhores resultados às empresas que poderão dispensar grande parte dos colaboradores e, no limite, ainda vai chegar o dia em que somos pagos para estar em casa!
Mas impõe-se uma questão. Como vai poder crescer a economia se houver uma enorme quebra no poder de compra?
Sim, porque reduzindo drasticamente o emprego, há a consequente perda de poder de compra e não há IA que valha às pessoas para pagar as suas contas. Já agora, convém não esquecer que de as empresas dependem sempre das pessoas, nem que seja como consumidores finais.
Não sou contra o uso da IA, mas acho fundamental um debate amplo sobre uma possível regulamentação do seu uso, bem como o seu avanço descontrolado.
Urge controlarmos até onde a IA nos pode levar, sob pena de se inverterem os papeis!