Gouveia e Melo defende que desafio e superação retêm mais que dinheiro e rotina

Em Portugal, apesar das “fábricas de talento” criadas para mitigar a dificuldade de reter profissionais, há um “nível de experiência média baixo” devido à “grande rotatividade de pessoal”.

O chefe de Estado-Maior da Armada defendeu esta segunda-feira que desafio e possibilidade de superação são fatores para reter jovens nas Forças Armadas. Segundo o almirante Gouveia e Melo estes sobrepõem-se diversas vezes a um “bom salário com um trabalho rotineiro”.

O militar defendeu que os jovens talentos se “inclinam mais para um desafio muito aliciante”, embora com salários inferiores, em vez de um “bom salário com um trabalho rotineiro” porque “faz parte da juventude a superação e a tentativa de superação”, indicando que esse é um “dilema que (as Forças Armadas) tentam colocar aos jovens”.

Gouveia e Melo explicou: “Vais ganhar menos dinheiro aqui nas Forças Armadas, mas o que vais fazer é de tal forma diferenciador e único que, passados cinco ou seis anos, traz uma mais-valia agregada, muito superior ao que terias. E dessa forma conseguimos minimamente ser competitivos”.

O almirante, citado pela agência Lusa, lamentou ainda que em Portugal, apesar das “fábricas de talento” criadas para mitigar a dificuldade de reter profissionais, há um “nível de experiência média baixo” devido à “grande rotatividade de pessoal”.

Para dar resposta ao que disse serem as dificuldades do Estado de competir com as empresas privadas a nível salarial, as Forças Armadas procuram também “massificar de tal forma o conhecimento que têm” de forma a “terem de tirar todos da organização para conseguirem fazer um dano muito grande”.

O chefe do Estado-Maior da Armada falava na conferência do Diário de Notícias (DN) “Novo Regime Jurídico da Cibersegurança em Portugal”, organizada pelo jornal, a Ordem dos Economistas e a SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, que decorreu na Fundação Oriente, em Lisboa, numa mesa redonda sobre retenção de talento.