Quero de volta o meu país!

Quero que me devolvam a vida e o sentido da vida. A minha e a de todos nós, portugueses.

Parece que a Comissão Europeia me quer proibir de fumar em esplanadas. Não tarda estou proibido de fumar em casa com diligentes neo-pides a vir inspecioná-la quando lhes der na gana, algemas no cinto, cheirando caninamente o ar e prontos para me levarem, em caso de beata esquecida, para um qualquer neo-tarrafal da vida. Uma versão modernaça, aerodinâmica e tecnológica (com IA) dos fiscais de isqueiro dos tempos idos do Doutor Salazar.
Vou dizê-lo apenas num sussurro, não vão os fiscais ouvir-me: Estou farto da Comissão Europeia; e da omnipresente, omnipotente e omnisciente Senhora von der Leyen; e dos seus comissários políticos, dos seus serviçais e sub-serviçais, dos seus peões, dos seus bobos e dos seus mastins; e das suas agendas 2030, 2040 e 2050 todas elas importadas da ONU e das suas infindáveis agências financiadas não se sabe por quem.
Farto daquela senhora com o seu ar bon chic bon genre, versão burguesa e linear das míticas valquírias. Cansado de a ver aparecer em todo o lado e a toda a hora. Perdi a paciência para o seu horror ao bom e velho diesel, às pataniscas de bacalhau, às alheiras de Mirandela e aos torresmos acompanhados com um belo copo de tinto tirado da pipa (ilegal); farto do seu green deal e das ventoinhas a rodar nas cristas dos montes, de carros que não fazem barulho nem deitam fumo pelo tubo de escape e de frigoríficos que vão de A a Z segundo a tal ‘eficiência energética’.
Para mim chega de Comissão Europeia e da sua tirania mesquinha e cinzenta recheada de mangas-de-alpaca regiamente pagos para me dificultarem a vida de todos os dias e isso a todas as horas e a todos os momentos. Uma tirania sórdida porque rasteira e rafeira, servida em doses homeopáticas que me vão paralisando milímetro a milímetro e retirando o prazer de viver, porque me vão roubando a capacidade de decidir, de escolher, de arriscar e de ser quem sou. Farto de que me digam onde posso e não posso ou a que horas posso ou não fumar, beber, comer.
Farto daquelas malditas diretivas bovinamente transpostas para o nosso dia a dia por imposição de tratados leoninos nunca referendados, que esvaziaram de um boa parte das suas funções o nosso parlamento e que acabarão, a continuar assim, por transformar as nossas eleições – para esse Parlamento – numa piada de mau gosto. Tratados assinados sem tugir nem mugir a troco de montões de euros, grande parte dos quais nem sequer cá chegaram, tendo ficado pelo caminho, ora a dormir mansamente em infindáveis contas numeradas em paraísos fiscais com palmeiras, ora em notas sordidamente amarrotadas em caixas de sapatos ou de garrafas de vinho, quando não no cultural achego de livros nunca lidos em estantes do Ikea.
Sim, estou farto de ver uma Europa arruinada com uma classe média na pobreza, indústrias em cacos, agriculturas desfeitas e uma coesão social em estilhaços por conta das miragens, mas sobretudo dos interesses, de uma oligarquia regiamente sentada na chuvosa e burguesa pátria do Maniken Pis.
Quero de regresso a Europa das 4 liberdades fundadores. Quero de volta a Europa das Nações, quero de volta o meu país e os seus mitos fundadores, a minha terra ancestral com as suas raízes, a minha decisão sobre como viver o Presente e como desenhar o Futuro. Quero que me devolvam a vida e o sentido da vida. A minha e a de todos nós, portugueses.

Vice-presidente da Assembleia da República