A Dacia renovou profundamente o Spring, que está disponível no mercado nacional com duas motorizações elétricas: 33 kW (45 cv) e 48 kW (65 cv), e preços bastante competitivos. A marca pretende criar uma imagem de família comum a toda a gama. Nesse sentido, o Spring foi buscar inspiração ao Duster e destaca-se pelo novo desenho da grelha dianteira, dos faróis e para-choques e pela assinatura luminosa em Y. Há pormenores pouco habituais, caso dos adesivos de estilo nos para-choques dianteiro e traseiro na versão Extreme e das proteções laterais em plástico que dão um aspeto de pequeno crossover.
O interior está diferente graças aos novos padrões dos bancos em pele sintética e tecido. O volante e o seletor da caixa automática têm um novo desenho, assim como o tablier, que incorpora o painel de instrumentos com ecrã digital de sete polegadas. A meio do tablier encontramos o ecrã central multimédia de 10 polegadas denominado Media Nav Live. O sistema multimédia é bastante intuitivo e oferece ligação sem fios a Apple CarPlay e Android Auto, navegação conectada com informações de trânsito em tempo real e com atualizações gratuitas durante oito anos e portas USB para carregamento de smartphones.
Num interior simples, sobressaem os plásticos duros no tablier e portas, mas este automóvel não tem aspirações a ser sofisticado. O Spring é um utilitário para quatro pessoas, sendo possível transportar dois adultos no banco traseiro. A capacidade da bagageira vai dos 308 aos 1.004 litros, com o banco traseiro rebatido, valores interessantes na categoria, mas a modularidade é básica, já que o banco rebate na totalidade e não em partes.
O equipamento de série da versão Extreme compreende sensores de estacionamento, regulador e limitador de velocidade, luzes de dia, jantes de 15 polegadas com embelezadores específicos, sensores de luz, câmera de visão traseira, computador de bordo e ar condicionado manual, entre muitos outros elementos.
A nível de segurança, o Spring está equipado com controlo eletrónico de estabilidade com ajuda ao arranque em subida, travagem de emergência ativa, sistema de reconhecimento de sinais com alerta de velocidade, assistência à manutenção na faixa de rodagem e alerta de cansaço e atenção do condutor.
O motor mais potente tem 48 kW (65 cv) e é alimentado por uma bateria de iões de lítio com capacidade de 26,8 kWh. As performances são medianas: 125 km/h de velocidade máxima e aceleração de 0 a 100 km/h em 13,7 s. A marca anuncia um consumo de 13,3 kWh (ciclo WLTP) e uma autonomia de 228 km num ciclo combinado e 336 km em ciclo urbano. Pode parecer curto, mas para o tipo de carro parece-nos um valor interessante, basta pensar que se for usado numa utilização casa-trabalho-casa até 40 km por dia, uma carga dá para uma semana. A prática difere um pouco e registámos consumos entre os 9,5 kWh/100 km e os 11,5 kWh/100 km numa condução despreocupada em cidade e estrada.
O Spring vem de série com um carregador de bordo de 7 kW (corrente alternada), que permite carregar a bateria dos 20% aos 100% em casa em menos de 11 horas ou em quatro horas numa wall box de 7 kW. Este modelo dispunha de um carregador de 30 kW (600 euros) em corrente contínua que permite carregar dos 20% aos 80% em 45 minutos.
O sentido prático do Spring vê-se pelo carregador bidirecional V2L (veículo-para-carga), que pode ser usado como fonte de energia para alimentar aparelhos elétricos, como, por exemplo, uma máquina de café. A marca disponibiliza um adaptador específico que se liga ao conetor de carregamento do automóvel que funciona como uma tomada tradicional de 220V/16A.
A posição de condução é um pouco elevada, isso permite ter uma boa visibilidade da estrada, mas sente-se falta apoio lateral nos bancos dianteiros.
A dinâmica não é o ponto forte deste utilitário. Muito fácil de conduzir em cidade graças às dimensões compactas (3,7 m de comprimento), à boa resposta do motor a baixa velocidade e à direção leve, mostra-se menos à vontade em estrada, especialmente em percursos acidentados, onde é evidente o rolamento de carroçaria devido a um amortecimento muito macio. O que perde em dinâmica, ganha em conforto, já que absorve bem as irregularidades do piso.
O novo Dacia Spring está equipado com um sistema de travagem regenerativo que entra em ação quando selecionamos o modo B no comando da caixa de velocidades automática. Esta função aumenta a intensidade da regeneração durante as desacelerações e travagens, e a sua eficácia quase que dispensa o uso do pedal do travão para reduzir a velocidade. De salientar que a eficiência energética e a reduzida pegada de carbono permitiram ao Dacia Spring obter a classificação máxima de cinco estrelas atribuída pela organização Green NCAP.
O Dacia Spring está disponível a partir de 16.900 euros na versão de 45 cv Essential. A versão de 65 cv Extreme custa 19.900 euros, o modelo experimentado tinha vários opcionais e um preço 21.550 euros. Entre os modelos 100% elétricos do segmento B o Spring tem, indiscutivelmente, o melhor preço, mas temos de reconhecer que os concorrentes são mais potentes e ganham nas performances, mas isso pouco importa a quem deita contas à vida.