O crescimento da economia portuguesa deverá situar-se em 1,7% em 2024, aumentar para 2,2% em 2025 e 2026, e reduzir-se para 1,7% em 2027. Esta é a previsão do Banco de Portugal (BdP) divulgada esta sexta-feira no mais recente boletim económico.
O banco liderado por Mário Centeno refere que “o maior dinamismo da atividade nos próximos dois anos reflete um enquadramento mais favorável, com a melhoria das condições financeiras, a aceleração esperada da procura externa e a maior entrada de fundos da União Europeia”.
No entanto, alerta que o enquadramento externo “está sujeito a riscos significativos em baixa de natureza económica e geopolítica”.
Já o mercado de trabalho “mantém-se robusto, com aumentos de emprego e de salários reais, a par de um desemprego baixo”, acrescentando que “a orientação expansionista e pró-cíclica da política orçamental contribui igualmente para o maior dinamismo da atividade”.
Olhando para 2027, a nota do BdP justifica que “a desaceleração do PIB decorre, em larga medida, do impacto do fim da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”.
E recorda que, comparando com o boletim económico do mês de outubro, o crescimento em 2024–25 foi revisto em alta 0,1 pp, “refletindo sobretudo a maior expansão orçamental, associada à inclusão de novas medidas fiscais e de aumento da despesa pública, assim como à recalendarização das despesas no âmbito do PRR”.
A mesma nota adianta que a inflação deve reduzir-se de 5,3% em 2023 para 2,6% em 2024 e 2,1% em 2025, estabilizando em 2% em 2026–27. “Esta evolução reflete a moderação gradual dos custos salariais e a manutenção de pressões inflacionistas externas contidas. O diferencial de inflação face à área do euro é aproximadamente nulo no horizonte de projeção”, justifica o BdP.
Já as projeções orçamentais “apontam para o retorno a uma situação deficitária, embora o rácio da dívida pública mantenha uma trajetória descendente”. E estima-se que o excedente este ano possa atingir 0,6% do PIB, acima dos 0,4% previstos no Orçamento do Estado para 2025.
No que à poupança diz respeito, o BdP adianta que “a subida da poupança em 2024 refletirá o impacto das taxas de juro elevadas, motivos de precaução e a reposição do valor real do património financeiro, para além do efeito da composição do aumento do rendimento favorável à poupança”, acrescentando que as taxas de juro mais elevadas (face às observadas na década anterior ao surto inflacionista) “estarão a induzir as famílias a adiar o consumo, a reduzir empréstimos e a poupar mais”.
E adianta ainda que as famílias “poderão também estar a constituir poupança para fazer face a futuros choques sobre o rendimento real”. A maior precaução dos consumidores “é sugerida pela evolução da confiança que, apesar de ter melhorado, permanece em valores baixos face ao dinamismo do rendimento disponível real”.