Sem novidade, Manuel Pizarro foi o nome escolhido esta semana pela concelhia do PScomo candidato à Câmara do Porto. Apesar de nos últimos meses se terem aventado outros nomes, como o de José Luís Carneiro, os órgãos locais não tiveram dúvidas em escolher Manuel Pizarro.
A escolha não deixou todos os socialistas contentes e há mesmo quem recorde episódios do passado comunista do candidato para contestar a decisão.
Em causa está um episódio ocorrido na primeira campanha de Mário Soares em 1985. Ao que contaram ao Nascer do SOL, os socialistas de Valongo ainda recordam o dia em que o então jovem Manuel Pizarro terá liderado uma milícia comunista que tentou boicotar um comício de Soares na freguesia de Campo em Valongo. Os relatos falam em arremesso de pedras contra a caravana do candidato e pregos na estrada.
Contactado pelo nosso jornal, Manuel Pizarro garante não se recordar do episódio e diz mesmo que nessa campanha apoiou Salgado Zenha e, conhecidos os resultados eleitorais, terá sido um dos primeiros comunistas a dizer que não havia outra alternativa que não fosse o partido apoiar Soares numa segunda volta, como depois veio a suceder.
Candidato ao Porto: Outra vez Pizarro?
É a terceira vez que Manuel Pizarro se candidata à Câmara Municipal do Porto. Por duas vezes saiu derrotado. Será que à terceira é de vez?
A primeira vez que o antigo ministro da Saúde se candidatou à Câmara do Porto foi em 2013. Como cabeça de lista do PS, concorreu contra Rui Moreira, candidato independente, e Luís Filipe Menezes, pelo PSD. Pizarro terminou em segundo lugar, aceitando a vitória do atual presidente Rui Moreira mas, apesar da derrota, foi eleito vereador com a tutela do pelouro da Habitação e Ação Social, no âmbito de um acordo de governação.
Já nas autárquicas de 2017, Rui Moreira decidiu prescindir do apoio do PS à sua recandidatura à Câmara Municipal do Porto devido a declarações públicas de dirigentes socialistas e a pressões para incluir membros do PS nas listas da sua candidatura. Isto obrigou o PS a apresentar Manuel Pizarro como candidato próprio que, mais uma vez, saiu derrotado.
As sucessivas candidaturas de Pizarro refletem a dificuldade do PS em vencer no Porto, que já não está à frente do município desde 2001, ano em que Nuno Cardoso perdeu as eleições para o ex-líder do PSD Rui Rio.
Apesar de um histórico não vitorioso, a concelhia do PS/Porto voltou a eleger, por maioria -– com 61 votos a favor, quatro contra e sem abstenções –, o antigo ministro da Saúde como cabeça-de-lista do partido à Câmara do Porto nas autárquicas do próximo ano.
«Considero que é o melhor candidato, reunindo as condições de conhecimento, paixão e visão de futuro para o Porto. Acredito no seu potencial, já testado nas suas anteriores funções de vereador a tempo inteiro da cidade», garante o atual presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, ao Nascer do Sol. Elogia ainda a «elevada humildade, de quem não tem rancores com uma ou outra derrota».
Já o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, criticou a escolha e afirmou que o candidato do PS é uma «espécie de cromo repetido» e que «o PS parece que não tem mais ninguém para apresentar ao Porto».
Apesar de até ao momento o PSDainda não ter avançado com nenhum nome, o também líder parlamentar do PSD na Assembleia da República prometeu que o partido vai apresentar uma candidatura «em que todos os portuenses se possam rever».
PSD já não ganha no Porto desde Rui Rio
No caso dos sociais-democratas, o histórico nas autárquicas do Porto também não tem sido o mais famoso. Desde que Rui Rio deixou a liderança da Câmara Municipal do Porto, o PSD apresentou diferentes candidatos às autárquicas ao longo dos anos, mas sem sucesso. Em 2013, o antigo presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, sendo derrotado por Rui Moreira, que venceu como independente.
Em 2017, o professor universitário e economista Álvaro Almeida foi o escolhido para disputar contra Rui Moreira, que se recandidatava como independente, mas Almeida acabou por ficar em terceiro lugar nas eleições, atrás do PS.
Vladimiro Feliz, o antigo vice-presidente da Câmara do Porto, na altura liderada por Rui Rio, foi cabeça de lista pelo PSD à autarquia nas eleições autárquicas de 2021, mas mais uma vez os sociais democratas não conseguiram melhor do que o terceiro lugar atrás do PS.