O pequeno e médio político do centrão radical, para além do fato com o primeiro botão do casaco apertado um palmo acima do umbigo, dos grandes colarinhos cartonados, das gravatas monocolores berrantes, do ‘efetivamente’, da ‘visão holística’ e da ‘resiliência’, é ‘humanista’. Ele não sabe o que isso é, ser ‘humanista’ mas acha que sabe. O ‘humanista’ quer receber fronteiras adentro hiper cadastrados foragidos dos seus países de origem porque é ‘humanista’. Quer soltar violadores de crianças que estão presos ‘para lhes dar mais uma oportunidade’ porque é ‘humanista’. Quer deixar à solta predadores e assassinos ‘porque, coitados, tiveram uma infância pobre e desprotegida e a culpa por serem aquilo que são é da sociedade’ tudo isso porque é ‘humanista’. E por aí fora, num rol infindável de pequenas causas todas elas profundamente ‘humanistas’. Não, esse pequeno e médio político não é o humanista que julga ser. É um idiota. Apenas um idiota. E um idiota perigoso porque esse seu ‘humanismo’ não passa de um implacável e poderoso dissolvente de qualquer comunidade. Nas mãos desses ‘humanistas’ qualquer comunidade humana organizada em pouco tempo regredirá ao velho faroeste, onde o cidadão comum será espoliado pelo batoteiro do casino e abatido a tiro à saída porque o pistoleiro que ia a entrar não gostou da cara do desgraçado. O regresso, pois, da lei do mais forte ao extinto Estado de Direito. No limite, o regresso à selva primordial. E não, isto não é uma caricatura. Isto é o que está a acontecer um pouco por todo o lado na Europa desde que os políticos ‘humanistas’ do centrão radical tomaram conta da res publica.
A Europa civilizada fundou o Estado de Direito e nele se fundou como uma civilização primordial. Um Estado de Direito alicerçado sobre uma visão integral do Homem como sujeito de direitos e deveres, responsável pelos seus actos perante si e perante o resto da comunidade. E é precisamente esse estatuto de sujeito de direitos, mas, também – e mais importante – de deveres, que lhe concede a plenitude da sua dignidade de Homem. Na vida em comunidade esses direitos e deveres estão codificados em um ordenamento jurídico que deverá encontrar os seus alicerces na Lei Natural. Esse é o verdadeiro Estado de Direito e o seu sujeito é o homem integral, o acima descrito como sujeito de direitos e deveres a quem a comunidade concede os direitos que lhe são devidos, mas, também e assim terá de ser, lhe apresenta a factura dos deveres não cumpridos. Porque não exigir que os deveres de cada um sejam cumpridos é, no fundo, diminuir a dignidade humana de quem falhou.
O verdadeiro Humanismo é aquele que se centra nesse Homem integral, sendo o falso humanismo o que assume a defesa do homem unidimensional, daquele homem que se assume como sujeito apenas de direitos, nunca de deveres. E é esse falso humanismo do político que se considera um grande ‘humanista’ que tem de ser denunciado sem descanso porque nos está a destruir a casa comum que levou milénios e uma centena de gerações a construir. O verdadeiro humanismo e o falso humanismo excluem-se mutuamente, não são compagináveis. Que cada um escolha o seu campo.
Os Estados Unidos escolheram já um campo. A Europa parece já ter também escolhido. O mesmo campo. Apenas na Europa o caminho será mais lento.
Ou talvez não.
Humanismo: o verdadeiro e o falso
O verdadeiro humanismo e o falso humanismo excluem-se mutuamente, não são compagináveis. Que cada um escolha o seu campo