Imagine um país que se ergue todos os dias pela coragem dos seus empreendedores. São mulheres e homens que desafiam a incerteza, criam oportunidades e transformam sonhos em realidade. Este é o retrato das Pequenas e Médias Empresas (PME) em Portugal: o verdadeiro motor da nossa economia.
As PMEs representam 99% do tecido empresarial nacional e empregam a maior parte da população ativa. Não são apenas números: são histórias de resistência e inovação que sustentam as comunidades locais e mantêm o país em movimento. Contudo, enquanto carregam o peso da economia, enfrentam também barreiras que parecem feitas para travá-las. E a maior delas é a burocracia.
Desde o momento em que uma empresa é criada, os empreendedores são confrontados com um labirinto de regulações e aprovações que drenam tempo, recursos e energia. É como pedir a um corredor que conquiste o ouro com um peso amarrado aos tornozelos. No caso dos fundos europeus, que deveriam ser uma alavanca para o crescimento, esta realidade torna-se ainda mais dramática. Muitos destes programas, desenhados para estimular a inovação, tornam-se inacessíveis para quem não tem uma equipa de especialistas a decifrar a papelada.
E o que dizer dos Certificados PME? Recentemente, várias empresas foram apanhadas de surpresa por pedidos de devolução de fundos devido a problemas administrativos. Imagine investir numa casa e, anos depois, receber uma ordem para devolver o dinheiro porque faltava um carimbo num documento. Este tipo de situação é mais do que injusto; é desmotivador.
Nós sabemos que as PME têm o potencial para liderar a recuperação económica de Portugal. Mas esse potencial não pode ser sufocado por processos complicados e sistemas que penalizam quem mais precisa. Simplificar a burocracia é urgente. Precisamos de candidaturas claras, acessíveis e eficientes, acompanhadas por uma transição digital que não seja apenas discurso, mas uma verdadeira ferramenta de inclusão.
Mais do que isso, é essencial oferecer apoio especializado. As associações empresariais, universidades e consultores devem unir forças para ajudar as PME a navegar este mar de complicações. Por outro lado, erros administrativos não podem continuar a comprometer os financiamentos. Uma fiscalização mais justa e transparente é necessária para restaurar a confiança dos empreendedores.
Mas não é só de sistemas que vive o futuro. É também de pessoas. As PME precisam de investir nos seus talentos, apostando em formação e capacitação. E para isso, o Estado deve ser um parceiro ativo, criando condições que incentivem este caminho.
Portugal tem tudo para ser um exemplo de como pequenas empresas podem gerar grandes transformações. Mas para isso, é preciso mudar a forma como olhamos para as PME. Elas não são um detalhe da nossa economia; são a sua espinha dorsal. E enquanto não lhes dermos o apoio que merecem, estaremos a desperdiçar o que de melhor temos.
PME: desafios e soluções para o futuro
Portugal tem tudo para ser um exemplo de como pequenas empresas podem gerar grandes transformações