A prostituição não é legal, embora a atividade em si esteja descriminalizada. Em muitas esquinas das principais cidades, mulheres e homens prostituem-se a céu aberto. Depois há as ‘boîtes’, onde as prostitutas trabalham ‘ao ataque’, saindo daí para os hotéis das proximidades com os seus clientes. O Estado não ganha com essa atividade, não consegue controlar se há tráfico humano, em que os trabalhadores do sexo podem ser escravos de máfias, mas está-se bem. Todos assobiam para o ar e, dessa forma, não se defende os direitos das prostitutas nem do Estado, permitindo a uns ‘jagunços’ viverem à grande e à francesa, como se dizia antigamente. Este é apenas um pequeno exemplo da hipocrisia que reina na sociedade.
Passemos agora para a política. Há milhares de pessoas que trabalham indiretamente para o Estado e que recebem milhões, mas ninguém diz nada porque sempre foi e sempre será assim. Às centenas de assessores diretos, juntam-se os ‘assessores’ indiretos e os consultores que ajudam os governos, seja o central ou os locais, a levar, supostamente, a sua ação com sucesso. Quando o Governo é liderado pelo PS, com ou sem ajuda do BE_e do PCP, não faltam os Luís Paixões Martins desta vida que ‘sacam’ milhões ao Estado. Quando é o PSD, entram em jogo os Cunhas Vaz desta vida. Repito, é assim e será sempre assim.
Os governos querem difundir o que fazem bem e esconder o que corre mal e as agência de comunicação fazem o seu papel, seja em Portugal ou em qualquer outro país. A este propósito, Cunha Vaz, CEO da H/Advisors CV&A, disse o seguinte, no encontro anual da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação, cujo tema foi ‘O_valor do Setor da Comunicação e dos Public Affairs’, segundo o jornal digital Eco: «Não nos esqueçamos de uma coisa, o Estado tem muito dinheiro para gastar. Não aceitando uma dependência do Estado, é bom que façamos um esforço para que o dinheiro do Estado não fique sempre nas mesmas agências e circule pelo mercado todo. Até a luta pela transparência que tem sido feita é muito importante para que todos possamos ter acesso aos concursos públicos». Cunha Vaz foi ainda mais longe: «A dependência do Estado é uma coisa péssima», mas, no entanto, «o que fiz este ano foi semear. Para o ano, outro galo cantará e a minha faturação que vem do Estado irá crescer, só posso dizer isto». Repito: sempre foi assim e sempre será assim. Ou o PS quererá dizer alguma coisa sobre o assunto, falando de Luís Paixão Martins e quejandos?
Vem esta conversa a propósito de Hélder Rosalino, que tinha sido nomeado secretário-geral do Governo com a missão, supostamente, de poupar quatro milhões anuais com a extinção de três secretarias, Presidência do Conselho de Ministros, Economia e Ambiente e Energia, segundo o Sapo. Acontece que Hélder Rosalino trabalha no Banco de Portugal (BdP), onde ganha cerca de 16 mil euros por mês, valor esse que o Executivo de Luís Montenegro queria que continuasse a ser pago pelo banco central, tendo produzido para o efeito um decreto-lei que permitia a Rosalino ganhar mais sete mil euros do que o primeiro-ministro, estando a trabalhar para o Governo. O_PS achou isso indigno, o Chega nem se fala e o partido dos animais também ladrou. Conclusão, Rosalino fartou-se e disse que vai ficar a ganhar os 16 mil euros, mas no BdP. O PS, que no passado fez coisas semelhantes, achou agora que isto é um escândalo. Por este andar, Portugal vai continuar a ser um país onde se cultiva cada vez mais o miserabilismo e onde só os inúteis é que vão querer ir para a política. Faz algum sentido os deputados, ministros e presidentes de câmara ganharem a miséria que ganham? E não me venham com a história do povo que ganha ainda pior, é verdade, mas se não tivermos políticos que consigam criar riqueza, então o futuro será tenebroso.
Telegramas
De mal a pior
A Via do Infante, vulgo A22, atravessa o Algarve de uma ponta à outra, mas de Albufeira a Vilamoura o piso é uma desgraça completa. Muitos dos condutores que a usam são pessoas que se fazem passear em carros de alta cilindrada e o valor a pagar era irrisório. Mas como esta semana se deixou de pagar portagens, imagine-se o caos que não vai ser o pavimento da A22…
Energúmenos em barda
Centenas de adeptos da claque No Name Boys, do Benfica, criaram um pequeno inferno num restaurante em Sintra, tendo ferido um agente da PSP, que teve de ser operado a uma das mãos. Em que país vivemos em que adeptos de futebol têm regras próprias de vida? Ninguém consegue colocar estes energúmenos na ordem?
O fim de uma era
Aberta desde 1973, a discoteca 2001, que fica por baixo das bancadas do autódromo do Estoril, deverá fechar portas este ano, segundo anunciou o proprietário à News in Cascais. É aproveitar enquanto não se apaga a luz da pista de dança.