A França será a 1.ª vítima da revolução conservadora

A Europa tem de se reinventar, de reinventar o seu modelo social, económico, financeiro, político e, fundamentalmente, de reinventar a UE.

Na passada semana falámos na ‘revolução conservadora’ assente em três pilares, Milei e Bukele e a equipa formada por Trump, JD Vance e Musk. Uma revolução que teve o seu início, aí por 2010 na Hungria de Viktor Orbán, que se foi estendendo um pouco por toda a Europa, mas que acaba por encontrar, no continente americano, um terreno fértil de desenvolvimento. Terminava esse esquisso com esta questão: «A grande incógnita, é como irá a Europa reagir a este maremoto conservador. Irá ficar imobilizada dentro dos seus obcecantes cordões sanitários, em torno do centrismo radical de Bruxelas, fechando-se hermeticamente sobre si própria, sobre a sua ruína intelectual, social, moral, económica, financeira e política ou irá entender que tem de apanhar a onda e retomar o seu antigo esplendor?».
A Europa está arruinada. Intelectualmente, por todo um sistema de ensino há dezenas de anos a produzir analfabetos funcionais; socialmente, por uma imigração descontrolada a destruir a coesão do seu tecido social; moralmente, por uma teologia woke que minou, nos seus próprios alicerces, os princípios estruturantes da sua identidade; economicamente, pelo pacto verde, esse ponto fulcral da Agenda 2030 da Senhora von der Leyen, que lhe destruiu a Indústria e a Agricultura e, depois, pela gigantesca burocracia de Bruxelas e pela sua inextricável rede de regulamentos que, por si só, seria já suficiente para destruir a competitividade desses dois setores.
Isto aponta para a agenda ideológica que está a liquidar a Europa. Agenda que tem, por inspirador e motor, o centro radical que desde há dezenas de anos, põe e dispõe em Bruxelas. Enquanto define políticas que empobrecem a Europa e os europeus, este centro radical gasta o essencial da sua energia não a criar, não a governar, não a resolver problemas, mas apenas a impedir, custe o que custar, o caminho do poder à Direita conservadora e aos seus cada vez mais numerosos e desesperados eleitores. Esgotada a credibilidade da comunicação social por eles controlada, passaram a usar todas as habilidades políticas ao seu alcance para falsear a vontade dos eleitores (ver segunda volta das eleições legislativas francesas). Quando estas habilidades falham porque o voto popular é mais forte do que elas, usam a Justiça por eles em grande parte também controlada (ver o que está a acontecer em França e, mais escandaloso, na Roménia). Se isto não acaba, é a Europa quem vai acabar.
A Europa tem de se reinventar, ou seja, de reinventar o seu modelo social, económico, financeiro, político e, fundamentalmente, de reinventar a União Europeia. Bruxelas tem de devolver o essencial do seu poder aos povos que hoje tutela à força de regulamentos kafkianos e de preconceitos ideológicos vindos do século XVIII. Sejamos claros: os europeus precisam de javieres milei e não de ‘mários draghi’; de naiybes bukele e não de cabritas; de trumps, e não de von der leyens. Precisamos de enterrar o conformismo woke que nos mina, a teologia verde que nos arruina e um Estado omnipotente que nos imobiliza. Esse Estado herdado da Revolução Francesa que não criou cidadãos, mas súbditos. E que, para melhor tiranizar o ‘cidadão’, destruiu todos os corpos intermédios, a começar pela Família. Esse Estado jacobino irá ser, como está a acontecer na Argentina, a primeira vítima da Revolução Conservadora. Assim seja.