A generalidade do mundo ocidental regozijou-se com a queda de Bashar-al-Assad, euforia que nos indica que os fracos líderes que conduzem a Europa para uma cova sem fundo nada aprenderam com os erros de um passado ainda recente.
George Bush, o último estadista digno desse nome que ocupou a Casa Branca, logo após libertar o Koweit do invasor iraquiano e derrotar as tropas de Saddam Hussein, e apesar de pressionado em sentido contrário, entendeu por bem não avançar até Bagdade e permitir, assim, que o presidente perdedor se mantivesse no poder.
Bush tinha a noção de que o ditador iraquiano, uma vez domesticado e apesar de este se ter apresentado como uma figura muito pouco recomendável, seria um mal menor à frente dos destinos do país, considerando que a alternativa seria um desastre para a estabilidade na região.
O Bush filho, cuja inteligência e tacto político são inversamente proporcionais às do que o seu pai exibia, não descansou enquanto não apeou Hussein do palácio presidencial, recorrendo ao pretexto, que se veio a verificar falso, da existência de armas de destruição maciça.
O resultado dessa insensatez foi o de que o Iraque se transformou num país ingovernável, praticamente destruído, exportador de terroristas e num verdadeiro cemitério para milhares de soldados norte-americanos, cujo inglório sacrifício de nada valeu.
O pior estava, no entanto, para vir!
Barack Hussein Obama, a maior fraude que os Estados Unidos produziram no último século, assim que sucedeu ao seu imprudente antecessor não descansou enquanto não deixou todo o restante Próximo Oriente num autêntico barril de pólvora, desgastando meios e recursos na criminosa cruzada que ficou conhecida como a Primavera Árabe.
A Líbia, o Egipto e a Síria, todos Estados laicos e fortes redutos de contenção do expansionismo de fanáticos muçulmanos, foram, então, as vítimas seguintes dos interesses económicos de Washington, conduzindo à destituição e posterior assassínio de Muammar Kadhafi, desenlace em que se envolveu a própria OTAN, à deposição de Hosni Mubarak e à tentativa de derrube de Bashar-al-Assad.
A Líbia já não constituía, na altura, uma ameaça ao Ocidente, atendendo a que Kadhafi tinha refreado o seu comportamento arruaceiro e se mostrava cooperante no sentido de garantir a paz e a estabilidade na conturbada região em que se movia.
Além de mais, havia tomado medidas efectivas que impediam que o território que governava se constituísse num trampolim de passagem de terroristas, camuflados de refugiados, para o sul da Europa, postura idêntica que há muito tinha sido adoptada pelos seus vizinhos sírios e egípcios.
O Egipto conseguiu sobreviver às investidas de islamização do Estado, encetadas logo após o afastamento de Mubarak e que conduziram mesmo à tomada da presidência por um religioso radical, porque os militares não foram na cantiga e retomaram o controlo político do país, garantindo, por essa via, que este não se desmoronasse conforme o cruel destino dos outros países alvos da cobiça alheia.
A Síria, até então um oásis de prosperidade, paz e estabilidade no conturbado Próximo Oriente, não teve essa sorte, afundando-se numa guerra civil, patrocinada pelo Ocidente, e que encaminhou o país para o caos, morte e destruição.
Na verdade, os movimentos terroristas que se rebelaram contra Assad, controlados e constituídos por guerrilheiros sunitas da Jihad islâmica, foram financiados pela administração Obama e treinados por tropas israelitas, estas apostadas em combater os xiitas cuja dependência de Teerão fazia deles, aos olhos do Estado judaico, o seu pior inimigo.
Percebe-se, assim, a razão pela qual os criminosos sunitas jamais apontaram baterias a interesses judaicos.
Israel encetou então uma guerra indirecta contra o Irão, atacando o poder instituído em Damasco, em razão da sua proximidade com os iranianos, e indiferente às consequências nefastas para a paz na região daí resultantes.
O resultado deste conluio entre a administração Obama e Telavive, para além das centenas de milhar de mortos em solo sírio e de quase seis milhões de desalojados e repatriados para países vizinhos e para a Europa, foi o da disseminação de largas dezenas de bases operacionais da Al-Qaeda na Síria, em zonas controladas pelos rebeldes que combatiam o poder vigente, espalhando-se, a partir desses sectores, o terrorismo que teima em lançar o pânico em solo europeu e nos EUA.
Registe-se que os atentados terroristas que têm vitimado largas centenas de ocidentais, com excepção dos que visam alvos judaicos, foram todos cometidos por células sunitas, ou seja, sem qualquer vínculo ao Estado iraniano, o qual, sem sentido, tem sido culpabilizado pelo Ocidente como o principal exportador de terrorismo.
Como exemplo, refira-se que os atacantes que derrubaram as Torres Gémeas eram todos de nacionalidade saudita, nascidos num país considerado pelo Ocidente como seu aliado, mas que, na verdade, se tem constituído como o primeiro suporte financeiro dos movimentos terroristas que tanto sangue têm derramado entre os europeus e os norte-americanos.
A escassos dias de deixar a presidência, Biden logrou concluir a obra daquele que serviu como vice-presidente, fornecendo a cobertura necessária para que os jihadistas que há mais de uma década combatiam o regime instalado em Damasco obtivessem sucesso, tomando de assalto o pouco que restava incólume do Estado sírio.
Convenientemente, Israel aproveitou-se da confusão para destruir todo o arsenal militar sírio, incluindo os meios terrestres, aéreos e marítimos, impossibilitando, desse modo, qualquer veleidade do Estado sírio se reerguer!
No sentido de branquear o seu envolvimento na deposição de Assad, os EUA e alguns dos seus aliados europeus lançaram uma campanha de desinformação, com cobertura total na imprensa a soldo dos seus interesses, pintando uma exagerada imagem de déspota ao presidente deposto, a quem acusaram de ser directamente responsável pela morte de centenas de milhar de conterrâneos.
Vendeu-se a ideia de que os milhões de sírios que abandonaram o país na última década fugiam de Assad, quando, na verdade, o fizeram apenas depois de confrontados com uma guerra civil sangrenta, que os deixou sem as mínimas condições de sobrevivência.
Grande parte deles, certamente a maioria, procuraram escapar das garras dos rebeldes, pois viviam em territórios por eles controlados.
Propagandeou-se a visão de que as prisões do regime estavam atoladas de milhares de prisioneiros, vítimas de todo o tipo de torturas, mas apenas uma escassa centena foi encontrada quando os portões daquelas foram escancarados, sendo que a grande maioria deles mais não eram do que terroristas presos por crimes de sangue.
Inventaram-se dezenas de valas comuns alegadamente descobertas pejadas de cadáveres, não se tendo confirmado a existência de uma que fosse em áreas sob a jurisdição do governo sírio.
Enfim, comparou-se Assad aos piores ditadores de que a História regista, procurando fazer-nos acreditar que a Síria, finalmente, vai poder ser um país livre, no qual os mais elementares direitos humanos serão respeitados.
Só o mais distraído dos distraídos poderá acreditar nesse conto de fadas, sabendo-se que o novo regime vai seguir a linha dura das ditaduras teocráticas, tendo como modelo o Afeganistão.
Tempos sombrios se avizinham para o mártir povo sírio.
Até ao início da guerra civil, 15% da população era cristã e beneficiava de uma protecção efectiva das autoridades, apostadas em proteger as minorias. Hoje, os cristãos estão reduzidos a escassos 3% e esses, caso não consigam escapar dos tentáculos dos novos senhores, estarão condenados a um fim atroz.
O mesmo destino espera a população xiita e alauita, também eles agora privados da segurança que lhes era garantida pelo anterior regime.
E a Europa, agora sem nenhuma fronteira marítima ou terrestre que sirva de tampão a estas invasões, vai continuar a ser atacada por hordas de islamistas radicais, cujo intuito é o de subverterem a ordem instituída no velho continente.
A título de exemplo, refira-se que no final dos anos noventa do século passado apenas cerca de 10 milhões de muçulmanos viviam na Europa. Hoje, passados apenas um quarto de século, os cálculos mais optimistas apontam para 65 milhões!
E este número corresponde somente ao de imigrantes legalizados.
Imagine-se quantos serão, na realidade!
É este o legado de Obama e dos esbirros que lhe sucederam. O tal que esta Europa caquética e decadente idolatra! E a quem, sem que absolutamente nada o justificasse, lhe atribuiu o prémio Nobel da Paz!