A Associação Mutualista Montepio Geral – que também é dona do banco com o mesmo nome – quer comprar casas para arrendar aos associados. Ao Nascer do SOL, Virgílio Lima, presidente da Mutualista, diz que está neste momento «em desenvolvimento e, em fase final de aprovação, uma modalidade através da qual se propõe responder às necessidades de habitação da sua comunidade de associados», defendendo que esta é uma das propostas da entidade para responder, em parte, ao problema da crise da habitação.
Entre construção e compra de habitações para arrendamento, a Mutualista acredita que irá investir, no mínimo, 20 milhões de euros anuais, mas reconhece que o valor poderá ser superior, em função da liquidez disponível, das manifestações de interesse e do nível de habitações que os associados vão comprando no futuro.
O responsável esclarece ainda que «na situação em que o associado não disponha das condições financeiras necessárias à aquisição do imóvel, por dificuldade na obtenção de financiamento ou por não dispor do capital necessário para a ‘entrada’ do imóvel, a Associação propõe-se substituir-se ao associado, adquirir o imóvel e colocá-lo para usufruto do associado tendo por base um modelo de arrendamento, com desconto relevante». Mas lembra que, mais tarde, se o desejar, o associado poderá optar por adquirir a habitação, caso contrário, pode manter o arrendamento.
«Pretendemos ajudar os associados no local onde identifiquem necessidade de habitação, e não apenas nos locais onde construímos ou adquirimos prédios inteiros. As habitações têm apenas que ter procura para novos arrendamentos, caso os associados tenham necessidade de cessar os arrendamentos, por exigências de mobilidade profissional ou alteração do agregado familiar», diz.
No entanto, afasta a hipótese de as rendas pagas poderem ser abatidas mais tarde no valor do imóvel em caso de compra. «As rendas serão apenas inerentes ao arrendamento. Caso, mais tarde, a habitação seja vendida ao associado, o Montepio visará apenas a recuperação (reembolso) do investimento efetuado, sem a obtenção de qualquer excedente», salienta.
Quando questionado sobre o valor que a Mutualista poderá investir nesta modalidade, Virgílio Lima diz apenas «que o valor a aplicar na compra de habitações será definido, anualmente, pelo conselho de administração, com base nas manifestações de interesse, na liquidez disponível e nas habitações que os associados vão recomprando à Associação». Também o valor máximo por habitação será definido, também ano a ano, pelo conselho de administração.
Virgílio Lima admite, no entanto, que esta solução poderá resolver, em parte, os problemas dos associados em matéria de habitação. «Estamos convictos que poderemos contribuir, de forma relevante, para apoiar a nossa comunidade de associados na resposta ao problema da habitação. No presente, disponibilizamos habitação para arrendamento em imóveis que são propriedade da Associação, operamos na esfera da habitação para seniores e estudantes, através das nossas residências, em condições sempre preferenciais para os nossos associados, e preparamo-nos, agora, para responder a partir de uma modalidade mutualista específica e inovadora. Os nossos associados suportarão os custos com o arrendamento da habitação em condições de preço inferiores aos custos normais de mercado e, com o diferencial, podem constituir uma poupança ao longo da vida, que poderá contribuir para a aquisição posterior da habitação, se o desejarem», afirma o presidente da Mutualista.
Já na revista da associação, Virgílio Lima tinha esclarecido que o associado só precisava de pagar os custos efetivos que são inferiores aos custos normais de mercado e, ao mesmo tempo, considera que poderão constituir uma poupança: «Com esta diferença, face às rendas de mercado, admitimos que os associados possam ir constituindo uma poupança, ao longo da vida, para utilizar mais em qualquer finalidade, incluindo a eventual compra da habitação».
Além da nova modalidade de arrendamento com opção de compra, Virgílio Lima recorda que a Associação Mutualista já pratica arrendamentos com centenas de inquilinos, em prédios construídos ou adquiridos para o efeito. «Também estão a ser preparadas novas residências para seniores e estudantes, com ampliação das residências de Vila Nova de Gaia e Coimbra e a construção de uma nova residência em Lisboa», acrescenta.
Apostar na saúde
Já na revista da Mutualista, o responsável destaca ainda as apostas na área da saúde. Em que uma das modalidades passa pela prevenção para despiste de situações de doença. «Admite-se que os custos futuros da sinistralidade possam ser mais reduzidos e a eficácia do tratamento superior, porque os problemas são detetados precocemente e rapidamente tratados», mas diz que para os problemas de saúde mais graves – oncologia, questões cardiovasculares ou neurológicas – a modalidade também apresenta uma dimensão curativa, podendo os associados definir o capital de cobertura que desejam subscrever, em função do qual será calculada a quota da modalidade. «Com as suas facetas, preventiva e curativa – esta modalidade – constitui uma inovação que pode ajudar a racionalizar os custos com a saúde junto dos nossos associados e, também, da comunidade».