Fazem-se autoestradas inteiras sem precisar de cumprimentar um portageiro.
Levantam-se encomendas nas lojas com um simples QR Code, sem trocar um bom dia. O self-service invadiu as rotinas, das lavandarias aos supermercados.
Nos restaurantes vão-se impondo os tablets para os pedidos enquanto se formam os robots para o atendimento.
Passar um dia sem qualquer contacto com outros deixou de ser impossível – sobrando sempre a opção de trocar algumas palavras com as “Alexas” da vida,
as novas assistentes virtuais que têm a qualquer hora e para qualquer tema a(s) resposta(s) na ponta da língua.
Ligamos para um serviço e já sabemos que até chegar ao operador será a grande batalha. Aliás, o atendimento personalizado traduz-se no aperfeiçoamento das máquinas e o desespero de tentar ver resolvido o problema remotamente sem ainda sequer ter sido comunicado o problema.
Mas nada que não se resolva, desde que se tenha tempo e paciência para repetir o processo.
O melhor não é ir às lojas, mas às aplicações, cujos descontos alimentam a lógica de quanto mais longe de um contacto direto melhor.
Já nem sequer é preciso incomodar-se na fila do multibanco porque seja o que for preciso está a uma app de distância – e se tiver algum problema é só ligar para algum número de apoio ao cliente e repetir com os devidos ajustes os passos anteriormente referidos.
Vemos televisão nos smartphones e temos os comandos da TV instalados nos telemóveis, porque também essa opção está disponível.
O contacto até pode ser zero, mas prevalece a ideia de que estamos sempre ligados.
Mas convém não perder a bateria, só para não correr o risco de ter que se falar para se pedir um carregador emprestado.
Ao que parece, andamos redondamente enganados e a falar é que nos desentendemos…