Registe-se a moderação de Pedro Nuno

A política é cada vez menos feita de valores e princípios, e cada vez mais de interesses mesquinhos…

Uma das principais críticas apontadas a Pedro Nuno Santos eram o radicalismo e o facto de ter um posicionamento político encostado à extrema esquerda. Contudo, após ser eleito líder do PS, Pedro Nuno surpreendeu com o resultado eleitoral obtido nas legislativas, conseguindo perder por pouca diferença, numa circunstância política complexa por suceder a um governo desgastado do seu partido e por estar há muito pouco tempo na liderança do PS.
Entretanto, o tempo foi passando e Pedro Nuno vai fazendo o seu caminho paulatinamente numa posição difícil que é ser líder da oposição, continuando com bons indicadores nas sondagens que indicam que a AD não consegue descolar.
Dito isto, que é factual, devo também dizer com toda a transparência que nunca tive simpatia por Pedro Nuno Santos, mas isso não me tolda a racionalidade, nem me inibe de referir que a sua postura enquanto líder do PS tem vindo a surpreender positivamente, demostrando um amadurecimento político e uma relevante aproximação ao eleitorado moderado.
A sua posição sobre a imigração é moderada e correta, pois todos temos consciência que é importante regular a imigração com a humanidade que se impõe e preocupação com a sua integração, deixando de fora soluções extremistas e desumanas.
O mais surpreendente foi o ruído gerado à volta da posição responsável de Pedro Nuno, quer internamente, quer externamente.
No PS surgiram logo alguns notáveis a criticar publicamente o seu líder, acredito que mais por qualquer agenda política interna do que pelas razões apontadas que só revelam uma falta de lucidez política gritante, seja na critica despropositada a um posicionamento que merecia ser elogiado e apoiado, seja no timing escolhido.
Aliás, temos exemplo semelhante no que toca a possíveis candidaturas presidenciais na área do PS, a forma deselegante e negligente como alguns conhecidos socialistas têm vindo a público queimar cada nome que surge como potencial candidato, tem sido deplorável e apenas revelador da vontade de dificultar a vida ao seu atual líder.
Externamente, o PSD optou por usar um tema de extrema importância como arma de arremesso político, escolhendo o fraquinho atirador Hugo Soares que não convence ninguém, para tentar, ingloriamente, desvalorizar a posição do líder do maior partido da oposição.
Foi uma oportunidade perdida para Portugal, o PSD deveria, através de Luis Montenegro, lançar o repto a Pedro Nuno Santos para que se construísse uma reforma necessária e desejável no que diz respeito a políticas de imigração, ao centro, entre os dois maiores partidos políticos, demonstrando, dessa forma, o sentido de Estado que lhe tem faltado por diversas ocasiões.
Não devia valer tudo, quando o tema é demasiado importante e exige responsabilidade de todos, não devia valer tudo, quando está em causa a vida de tantas pessoas, nem devia valer tudo quando está em causa o interesse nacional e a ausência de sentido de Estado apenas contribui para o crescimento dos extremos.
Mais uma vez, transpareceu para todos que a política é cada vez menos feita de valores e princípios, e cada vez mais de interesses mesquinhos que só nos prejudicam a todos.
No meio disto tudo, esteve bem Pedro Nuno Santos que demonstrou responsabilidade e maturidade política, porque evoluir não é criticável, pelo contrário, é revelador de inteligência e humildade. Repito que nunca simpatizei com Pedro Nuno Santos, mas a sua moderação agradou-me e merece ser enaltecida.