Um carro de 2 lugares

Do dia dos Namorados ao Dia das Mentiras, o moviento Tesla Takedown continua a fazer-se sentir. Mas Musk e Trump estão juntos para o que der e vier.

Foi no Dia dos Namorados que Sheryl Crow anunciou o fim da sua relação com a Tesla. A artista publicou um vídeo, que somou mais de 4 milhões de visualizações, onde se mostrava a despedir do seu veículo elétrico.
Um protesto contra as ações do magnata Elon Musk, como confirmava na legenda da partilha feita na sua página oficial no Instagram: «Os meus pais sempre me disseram que somos as pessoas com quem nos damos. Há momentos em que temos de decidir de que lado estamos». Crow fazia saber ainda que o dinheiro da venda iria ser doado à NPR, a rádio pública norte-americana, que diz estar «sob a ameaça do Presidente Musk».


O boicote à marca tornou-se, aliás, global desde que o magnata foi indicado braço direito de Donald Trump. Em Portugal, João Manzarra foi o primeiro nome conhecido do público a anunciar a venda do seu elétrico, seguindo também o exemplo da cantora norte-americana no que diz respeito a doar parte da receita da venda. O apresentador anunciou que 10% do valor será para entregar a uma organização norte-americana de combate às alterações climáticas.


O posicionamento político de Musk, as medidas e consequentes cortes que tem anunciado sob o lema do 47º presidente dos EUA – ‘MAGA’, Make America Great Again – continuam a gerar protestos que tentam atingir diretamente o dono da rede social X através das suas empresas. O movimento Tesla Takedown é a mais recente prova viva disso e o impacto tem-se feito sentir.


Com as ações da Tesla a cair a pique nos últimos meses, Donald Trump fez questão de entrar em cena e foi lesto a anunciar a compra de um carro «novinho em folha» para demonstrar o seu total «apoio e confiança» ao líder do DOGE (o Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos, criado na era Trump 2.0).


A verdade é que a dupla Trump-Musk parece imune a qualquer protesto e ambos seguem firmes na construção de um mundo feito à sua medida – que incluiu tirar os pés da Terra para conquistar também a corrida ao Espaço.
Entretanto, a concorrente BYD (Build Your Dreams), fabricante de automóveis elétricos chinesa, aproveita para ganhar a dianteira no mercado e já vê a Tesla pelos espelhos retrovisores.


No final de contas nada que importe realmente a Musk, nem a Trump.
Muito possivelmente só precisariam de um carro de dois lugares para continuarem a guiar o futuro dos EUA – e do mundo – a partir dos circuitos da Casa Branca.


Juntos para o que der e vier, dividem o mesmo carrinho de choque, uma imagem visual que poderia ser a mais verdadeira no Dia das Mentiras.