A verdade da mentira

Durante os festejos do 25 de Abril foram muitos os que pediram liberdade para a Palestina, mas ninguém se lembrou da Ucrânia. Manifestantes houve que ameaçaram Moedas de lhe quererem ocupar a casa, mas são antifascistas. E depois houve 20 neofascistas alarves que fizeram das suas.

O polémico ‘adiamento’ governamental dos festejos do 25 de Abril serviram na perfeição para a oposição se agarrar ao tema, sabendo que o mesmo não tinha qualquer importância –  ou será que um concerto pimba de Tony Carreira na residência oficial do primeiro-ministro simboliza a festa da liberdade? Mas a gafe do ministro Leitão Amaro, que não soube explicar a tempo que os festejos tradicionais não sofriam qualquer contratempo, fez com que os antifascistas surgissem debaixo das pedras e se agigantassem contra os ditadores que querem acabar com a democracia. Para completar o ramalhete, uma vintena de energúmenos trogloditas de extrema-direita foi para a Baixa fazer das suas agredindo alguns dos presentes, entre os quais polícias.

Este foi o retrato que muitos fizeram, optando por ‘esconder’ outros que aconteceram no 25 de Abril. Em primeiro lugar, não percebo a facilidade com que muitos apelidam uns de fascistas e outros de antifascistas: miúdos de cara tapada com símbolos da Palestina são antifascistas onde? Miúdos que gritam ‘Moedas, cabrão, a tua casa vai virar ocupação’ são antifascistas onde? Não faltam exemplos de como o principal desfile do 25 de Abril, o que ocorre na Avenida da Liberdade, em Lisboa, cada vez mais se assemelha a uma gay pride, onde os verdadeiros antifascistas são cada vez menos, até por questões óbvias de idade. Numas bandeiras – com o símbolo LGBT+ e da Palestina – que vi nas redes sociais, lia-se: «Autodeterminação dos corpos e dos povos» – imagino as voltas que Álvaro Cunhal deve dar no tumulo ao ver o caminho que o desfile do 25 de Abril seguiu… Mas, por acaso, os meninos e meninas que ostentavam tal ‘cartaz’ fazem ideia que na Palestina os gays são mortos? E não, não é pelos israelitas.

O velho PCP, bem como outros companheiros de luta, aproveitaram o desfile para gritar pelos direitos da Palestina, mas não se viu um único cartaz, ou por outra, eu não vi, a defender a Ucrânia e a condenar a Rússia. Vi sim bandeiras de um país que é um exemplo de liberdade como é o caso de Cuba. Vi também imagens desse herói da nação comunista que dá pelo nome de Agostinho Costa, o maior defensor da Rússia na luta contra a Ucrânia, a descer a avenida entre camaradas.

Tudo isto que acabei de enumerar, aconteceu. Não foi só o anúncio ‘tonto’ do cancelamento dos festejos por causa do luto em nome do Papa ou as agressões dos neofascistas. Mas o que se passa é que nos tempos que correm alguns querem fazer-nos passar por tolos, obrigando-nos a ver o mundo pelas suas lentes, pois censuram notícias e acontecimentos.

O Governo, já se percebeu, tem um problema de comunicação ou gosta de dar espaço à especulação. O que se passou com o apagão de segunda-feira não lembra a ninguém, à semelhança do adiamento dos festejos do 25 de Abril. Como foi possível o Executivo ter estado tantas horas sem fazer algum comunicado? Nem que fosse para dizer que estava a fazer tudo o que estava ao seu alcance para resolver o problema, aproveitando para ir desmentindo os boatos. Não faço ideia se o Governo esteve bem ou não a enfrentar o problema, dizem-me que sim, quem entende do assunto, mas que não soube comunicar o que estava  a fazer, disso não há dúvida.

Ah! A propósito das 10 horas sem eletricidade e comunicações, voltei a ver gente insuspeita dizer que se provou uma vez mais o civismo dos portugueses e a sua solidariedade. Será que estavam a falar dos açambarcadores de água, papel higiénico e conservas?

Telegramas

Geração Z e as caixas altas

Leio no Público que a rapaziada nascida entre 1997 e 2012 deixou de usar caixas altas. Isto é: no princípio de frases ou nos nomes de países e por aí fora, só existem letras pequenas. Estão no seu direito de usarem tal ‘estilo’ entre si. No resto espero que a história seja outra, mas com tantos géneros nunca se sabe se não se vão queixar de alguma perseguição.

O Dia da Rádio

No dia do apagão foram muitos os que descobriram a rádio, como se de uma rede social estivessem a falar. Também descobriram que há lanternas a pilhas, velas sem ser decorativas, que se pode falar com quem está ao lado, e por aí fora. Eu descobri que o apagão ia dando cabo dos gordos que tiveram de subir oito andares para chegar a casa…

A Madeira é do povo

Não percebi a razão de tão poucos terem reparado que o JPP se prepara para conquistar o continente. Com uma votação próxima da que tiveram nas regionais terão pelo menos um deputado na AR.