Parece haver um consenso entre as lideranças ocidentais que o Irão representa um foco de desestabilização tanto a nível regional como internacional, sendo parte integrante do chamado “Eixo da Revolta”, que conta também com nações como a China, a Rússia e a Coreia do Norte.
Mas um relatório publicado esta quinta-feira pela Comissão de Inteligência e Segurança do Parlamento do Reino Unido é especialmente alarmante, uma vez que torna claras as intenções do regime dos aiatolas de minar os países do Ocidente por dentro.
O documento, de 260 páginas, divide-se em duas partes – a primeira intitulada «A ameaça à segurança nacional do Reino Unido» e a segunda «Como está o Reino Unido a reagir?» – que se desdobram em vários subcapítulos. Deste último, destacam-se alguns, como os «objetivos estratégicos do Irão em relação ao Reino Unido», «como é que a ameaça iraniana se compara à da Rússia e da China», a «intenção iraniana de levar a cabo atividades físicas hostis», bem como a sua «capacidade» para o fazer.
Quanto ao primeiro subponto, foram identificados quatro objetivos principais: «prejudicar as relações do Reino Unido com os EUA e Israel»; «enfraquecer as relações de segurança do Reino Unido no Médio Oriente»; «reduzir a presença militar do Reino Unido no Médio Oriente» e «silenciar as críticas do Reino Unido ao Irão (em questões como os direitos humanos». Na sequência, encontra-se uma citação da Secretária de Estado para os Assuntos Internos, Yvette Cooper: «os serviços de informações iranianos representam uma ameaça persistente e sofisticada para o Reino Unido e para os nossos interesses no estrangeiro. Nós somos, sem dúvida, uma prioridade para o Irão».
Quanto à comparação da ameaça iraniana com a russa ou a chinesa, o Comité concluiu que «a Rússia e a China … têm uma escala e uma capacidade que o Irão não pode igualar» e que «a atividade do Irão parece certamente menos estratégica do que a da China e da Rússia».
A questão da «intenção iraniana de levar a cabo atividades físicas hostis» contra os habitantes do Reino Unido, seja através de «rapto, repatriamento forçado, assassinato ou ataque terrorista», é particularmente preocupante. Uma preocupação que se cristaliza no parecer apresentado pelo Homeland Security Group ao Comité, onde refere que a ameaça deste tipo de ataques é «a maior ameaça que enfrentamos atualmente por parte do Irão».
O relatório prossegue da seguinte forma: «Em 2016, a comunidade de informações avaliou que o Irão recorria ao assassínio como instrumento de política de Estado e que tinha apetência para assassinar alguém no Reino Unido, embora apenas em circunstâncias extremas», o que permitiu chegar à conclusão de que «o Irão tem provavelmente a intenção de raptar um dissidente iraniano residente no Reino Unido e pode tentar assassinar um dissidente iraniano residente no Reino Unido». A este respeito, diz o relatório, houve, no mínimo, 15 tentativas de assassinato ou rapto contra cidadãos ou residentes britânicos.
Citada pela Euronews, a embaixada iraniana em Londres garante que as alegações são «infundadas, politicamente motivadas e hostis». «A sugestão de que o Irão se envolve ou apoia atos de violência física, espionagem ou agressão cibernética em solo britânico ou contra interesses britânicos no estrangeiro é totalmente rejeitada»