Lamenta-se profundamente a forma como o Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas interpreta os títulos e a chamada de capa e os textos publicados no interior do jornal na edição de 14 de agosto p.p., por manifestamente enfermar de uma leitura enviesada dos factos neles constantes e de despropositada atribuição de censuráveis intenções aos seus responsáveis.
Aliás, em matéria de factos, é interessante verificar que o Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas (CDSJ) começa por lamentar ‘a redação’ que «estabelece uma relação entre cidadãos imigrantes no nosso país e uma eventual rutura de sangue tipo A» (sublinhado nosso) no Hospital de Santa Maria (facto este que é destacado na chamada de primeira página do jornal mas omitido, por certo involuntariamente, no comunicado do CDSJ).
Ora, é um facto que o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, registou uma rutura de sangue tipo A no final do mês de julho, situação que está diretamente relacionada com o aumento exponencial do número de imigrantes no SNS, como noticiou em manchete o Jornal de Notícias (‘Há seis vezes mais imigrantes no SNS do que em 2017’, acrescentando-se: «Número passou de pouco mais de 164 mil para quase um milhão de pessoas este ano» e «Registo implica que estrangeiros tenham autorização de residência e meios de subsistência») exatamente no mesmo dia 14 de agosto p.p. e que, curiosamente, não terá merecido qualquer reparo do CDSJ.
Aliás, e como também se destaca na chamada de capa do Nascer do SOL, foi na sequência do apelo público do diretor do Departamento de Sangue do Hospital Santa Maria que a comunidade Sikh se mobilizou para dar sangue e assim permitir a reposição das reservas de sangue do HSM.
Mais: como pode sugerir-se sequer uma acusação de discriminação a quem, na primeira página, sublinha que «os imigrantes, se agravaram o problema, são também a esperança de uma solução» e se dá o exemplo da mobilização da comunidade Sikh…?
Por isso se lamenta e repudia a leitura de qualquer ‘sensacionalismo’ associado aos títulos e às notícias referidas, com a subliminar mas evidente intenção de tentar impor uma óbvia censura do politicamente correto, contra a qual o Jornalista deve sempre rebelar-se, precisamente nos termos do citado artigo 2º do Código Deontológico.
Acrescenta-se que, ao contrário do que alega o CD do SJ, igualmente se destacou em primeira página a resposta dada pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação segundo a qual «não há falta de sangue» nos hospitais portugueses.
Porque o pretendido foi tranquilizar os cidadãos face à notícia de uma quebra acentuada nas reservas de sangue, que originaram inclusivamente o adiamento de cirurgias não urgentes (como foi público), mas sem pôr em causa a urgência de se dar sangue face ao aumento das necessidades e à quebra dramática de dadores, indo ao encontro dos apelos lançados pelas autoridades de Saúde.
A questão é esta: COM AS NECESSIDADES GERADAS PELO AUMENTO EXPONENCIAL DO NÚMERO DE IMIGRANTES OS HOSPITAIS PRECISAM DE SANGUE!
Reiterando ser esta a única interpretação das notícias e dos factos em causa, independentemente de todas as outras leituras subjetivas e lembrando o que já Eduardo Prado Coelho escrevia: as pessoas lêem o que querem e não o que está efetivamente escrito,
Mário Ramires
Diretor-geral da Newsplex (proprietário do semanário
Nascer do SOL)