
Querida avó,
Agosto chega ao fim. Assim como as férias de grande parte das famílias. Podem ficar as saudades das férias. Mas, certamente, não vão ficar as saudades das notícias dos fogos! A Ministra da Administração Interna, tem sido bastante criticada pela “falta de agilidade”.
Como ainda continuamos na “Silly Season” prefiro falar de coisas alegres.
Como sabes, com o meu trabalho, percorro Portugal de Norte a Sul. Nestas viagens, inevitavelmente, passo por terras com nomes caricatos. Sempre que posso paro nos cafés, para tentar saber, com os locais, a origem de nomes tão originais.
Existem nomes de terras que quase nos levam a uma viagem anatómica. “Anais”, em Ponte Lima, (em homenagem a Santa Marinha de Anais) e “Bexiga”, em Tomar, (local que enchia com as águas da chuva, como uma bexiga humana).
Os meus avós maternos viviam perto de “Perna de Pau”. Nome que, em criança, me suscitava muita curiosidade. Fica no Sobral de Monte Agraço que, como sabes, não tem mar. Como tal, o nome da terra não podia ter a ver com nenhum pirata. Diziam que alguém ficou sem uma perna, aquando das invasões francesas, e passou a usar uma de pau.
Pertence uma freguesia com o nome “Sapataria”. Os meus avós nunca me falaram de a terra ser fértil em sapatarias. Até porque, na época, a maior parte das pessoas mal tinha dinheiro para comprar calçado. Mas contavam-me a história de um padre de estatura, demasiado, baixa, que usava uma caixa enorme, repleta de sapatos, para ficar à altura do púlpito. Reza, a lenda, que o Padre um dia cai da dita caixa e os sapatos espalharam-se pela igreja. Erguendo as mãos exclamou: “Meu Deus, isto é uma Sapataria”. E assim ficou batizada a terra.
Para terminar, adoro o o nome “Água de Todo o Ano” uma freguesia no concelho de Ponte de Sor. Um bem essencial a todos nós, que faz tanta falta aos Bombeiros.
Agora vou para a Praia da Rata, no Estoril.
Bjs
Querido neto,
A Sra. Ministra deveria voltar para a Provedoria, para contemplar os quadros da Graça Morais que comprou, com o erário publico.
Adiante, venho para a Ericeira desde criança. É e foi sempre um caso de paixão e, como todos sabem, as paixões não se discutem e muitas vezes nem se entendem. As poucas vezes em que deixávamos a Ericeira era – imagina! – no verão: como vivíamos sempre junto à praia, quando chegava agosto fazíamos a trouxa, enfiávamo-nos no carro e íamos para Aveiro.
E lembro-me que levávamos imenso tempo até lá chegar! Como os meus filhos eram pequenos, às vezes até fazíamos a viagem em dois dias! Passávamos em terras como “Nariz” e “Busto”, ambas no distrito de Aveiro, que também tem lindas praias. Mas nós nem lá púnhamos os pés. Os miúdos ficavam com uns amigos nossos e nós íamos para o “Bruxa” (um grande café), ou à Fábrica da Vista Alegre comprar por uns míseros tostões as peças com algum (pequeníssimo) defeito que a fábrica punha à venda numas escadas perto da estrada.
E depois voltávamos para a Ericeira. Ou seja: para o frio, para os edredons na cama, para o sol a nascer só lá para depois das quatro da tarde.
O que diriam os meus amigos desses tempos se me vissem chegar aqui a casa… com uma enorme ventoinha???
Pois é verdade! Tem feito um calor que não se aguenta… De madrugada venho à varanda e não corre uma aragem. Nem o mais leve lençol se aguenta na cama, dormimos com as janelas todas abertas.
À noite nem consigo estar em casa. vou para o “Bar da Cher”, que tão bem conheces. No outro dia penso que bebi demais.
Cheguei a casa a vi uma notícia em que o Montenegro anunciava a isenção das taxas moderadores, para as vítimas das zonas ardidas.
É impressão minha ou já não existem taxas moderadoras desde 2022, para toda a população?
A gente gosta deste calorzinho e ri-se.
Mas as mudanças climatéricas estão a dar cabo disto tudo, até dos Ministros.
Bjs