Como não gosto de meias tintas, acho a flotilha humanitária que vai a a caminho de Gaza um verdadeiro número de circo, e ainda por cima, barato. Algumas das personagens que estão nos barcos até podem ter boas intenções – preocupar-se com o martírio de milhões de pessoas que são vítimas da guerra que Israel leva a cabo contra o Hamas –, mas a maioria que integra a flotilha perde a razão quando não condena os massacres de 7 de outubro, em que, maioritariamente, jovens foram degolados, violados ou queimados vivos. Eu vi imagens disso e nunca esquecerei os facínoras do Hamas a vibrarem com as atrocidades que cometeram. A flotilha humanitária, na sua maioria, também se recusa a condenar o cativeiro a que são sujeitos os reféns que ainda sobrevivem a esse ataque ignóbil. Que Israel, segundo as imagens que nos chegam, ultrapassa o bom senso no que diz respeito à autodefesa, não restam grandes dúvidas, mas um conflito milenar ser visto por personagens que vestem o keffiyeh como se fossem para o Lux defender os trans palestinianos, cheira a ridículo para não dizer outra coisa. Como é óbvio, nesta história não há só santos ou pecadores. Tenho até muita dificuldade em discutir assuntos que me ultrapassam, como é o caso religioso em questão. E não imagino que alguém um dia possa explicar. O conflito tem milhares de anos, mas sei que Israel, apesar de tudo, é uma democracia, governada por um louco, é certo, mas defende os valores ocidentais, onde as mulheres têm os mesmos direitos que os homens e os homossexuais, por exemplo, não devem nada a ninguém. Resumindo: a flotinha não passa de um número de circo da esquerda radical, que quer divertir-se, seja em Ibiza, Menorca, ou antes da partida em Barcelona. Aliás, a história da festa que foi divulgada é bem sintomática da rapaziada que integra a comitiva. Levaram um dia ou mais para desmentir que se tivessem divertido em Ibiza, para acabar depois a dizer que as imagens divulgadas se referiam a uma festa de beneficência, em Barcelona, um dia antes da partida da comitiva. Mas isto faz algum sentido? Percam a vergonha, vejam as imagens do 7 de outubro, reneguem o Hamas e ataquem Netanyahu, que já deve muito à prisão, segundo os próprios israelitas. Mas, na questão de Gaza, não se pode atacar Israel sem se atacar o Hamas.
Nesta guerra dos mundos, recordo que a Europa se tornou uma porta aberta para uma cruzada islâmica, que tudo fará para obrigar a cultura ocidental a pagar pelo que lhes fez há séculos – e para que os palermas/flotilhas de serviço não venham com as histórias do costume, nós precisamos de milhares de imigrantes, desde que estes respeitem as nossas tradições, os nossos costumes e queiram aprender português.
Há uns tempos, a primeira-ministra da Dinamarca anunciou a intenção de proibir o uso do véu integral nas escolas e universidades. «Deus deve ceder o lugar. Temos o direito de ser crentes e de praticar a nossa religião, mas a democracia tem prioridade», disse então Mette Frederiksen. A esquerda europeia caiu em cima da primeira-ministra dinamarquesa, mas, acredito, Francisco Louçã, esse farol da extrema-esquerda e de alguma comunicação social, só pode ter aplaudido as palavras de Mette. Afinal, em 2005, quando era candidato à Presidência da República, sobre a presença de crucifixos nas salas de aulas portuguesas, disse de sua justiça: «Somos um Estado laico, não confessional. No ensino público português é tão surpreendente que haja um crucifixo como um símbolo islâmico». Será que Louçã defende que as burkas e os hijabs nas salas de aulas são menos ofensivas do que o crucifixo?
Telegramas
Burkas em Moscavide
A propósito. Sou um fã da cervejaria Delícia, em Moscavide, e de tempos a tempos lá vou fazer uma visita ao senhor Quim e rapaziada. Mas ver mulheres de burka nas ruas da ‘terra’ faz-me confusão. Parece que estou na Idade Média. Será que Mariana Mortágua poderá aparecer de minissaia em Gaza?
O bobo de serviço
Pedro Sánchez , o líder espanhol, bem podia ir na flotilha do ‘amor’ a caminho de Gaza. O homem que fez alianças com Deus e o Diabo, para se manter no poder, diz que lamenta não ter armas para combater o genocídio de Israel em Gaza. E para combater o Hamas também não lamenta?
Uma vénia para um político
Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara de Lisboa, não vai ser reconduzido no cargo, por vontade dos partidos da coligação liderada por Carlos Moedas, mas não foi por isso que, no momento dramático da morte de 16 pessoas no elevador da Glória, deixou de assumir as responsabilidades políticas da tragédia, caso existam, pois é o vereador responsável pela Mobilidade. Anacoreta Correia vai fazer falta à política.