Os países produtores de energias fósseis em todo o mundo planeiam aumentar a extração nos próximos anos. Segundo um um relatório publicado esta segunda-feira por vários institutos de referência, a extração planeada é para níveis incompatíveis com os objetivos climáticos internacionais.
“No total, os governos planeiam produzir muito mais energias fósseis do que seria coerente com uma limitação do aquecimento global entre 1,5 °C e 2 °C”, salientou em conferência de imprensa Derik Broekhoff, do Instituto do Ambiente de Estocolmo (SEI).
“Os países preveem agora uma produção destas energias ainda mais elevada em comparação com há dois anos”, na última edição do estudo, sublinhou o coautor do estudo. O investigador aponta para a “desconexão entre as ambições climáticas e o que os países realmente planeiam fazer”.
De acordo com os cálculos do SEI, a produção de carvão, petróleo e gás prevista para 2030 representa mais do dobro (120% a mais) do volume que permitiria limitar o aquecimento global a 1,5 °C, o limite mais ambicioso do Acordo de Paris.
Segundo o relatório elaborado em conjunto com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD) e o instituto Climate Analytics, face ao objetivo do respeito pelo limite máximo do acordo de 2015, fixado em 2 °C, a produção prevista de energias fósseis é 77% demasiado elevada.
A diferença entre as trajetórias de produção e os volumes compatíveis com as ambições climáticas internacionais aumentou ainda mais desde a última edição deste estudo, em 2023.
Entre os 20 maiores países produtores estudados, 17 planeiam aumentar a produção de, pelo menos, uma energia fóssil até 2030. Onze deles aumentaram mesmo as perspetivas de extração em relação ao que previam para 2023.