De volta à escola

Com o tempo, as lágrimas transformam-se em sorrisos. A sala de aula, que no início parecia estranha, passa a ser um espaço de descobertas, amizades e brincadeiras.

Querida avó,

Setembro sempre traz consigo aquele cheirinho a cadernos novos, livros por abrir e muitas histórias por escrever. É um momento especial, pois cada ano escolar é uma nova oportunidade de aprender, crescer e sonhar ainda mais alto.

Nos últimos dias tenho assistido a uma choradeira junto das escolas onde passo.

É muito comum que, nos primeiros dias de aulas, algumas crianças chorem. Devido à ansiedade da separação, o medo do desconhecido, a saudade de casa…

A minha mãe diz que me deixava na escola… eu desatava a correr e chegava a casa antes dela, numa berraria.

Não são só os pequenos que tenho visto de lágrimas nos olhos! Muitos pais e avós também ficam com o coração apertado ao deixarem as crianças na escola. E está tudo certo.

Com o tempo, as lágrimas transformam-se em sorrisos. A sala de aula, que no início parecia estranha, passa a ser um espaço de descobertas, amizades e brincadeiras.

O começo pode ser difícil, mas é apenas o primeiro passo de uma caminhada cheia de conquistas.

Antigamente a escola era muito diferente. Não havia computadores, quadros interativos nem internet. Tudo era escrito a giz no quadro e nós copiávamos para os cadernos. Segundo o que nos diziam: «O conhecimento era a chave para termos um futuro melhor».

Hoje existem bibliotecas cheias de livros, tecnologia que abre portas para o mundo inteiro. No entanto, por mais modernos que sejam os tempos, o segredo continua o mesmo – a dedicação, a curiosidade e a vontade de aprender. É isso que faz toda a diferença.

Estás prestes a regressar à Universidade Sénior. Fico tão feliz por saber que os nossos livros são usados como “manuais” pelos mais velhos. Em breve nova edição do nosso livro mais recente.

A vida é uma escola permanente. Mas os anos que passamos a estudar marcam o nosso caminho para sempre.

Já te disse que o Grupo Media Capital comprou o Jornal Sol, para onde escrevemos?

Bjs

Querido neto,

Se te sentes velho em relação às criaturas que entram agora da escola, que direi eu?? Se os miúdos de agora soubessem que, há muito tempo (na pré-história…) o regresso às aulas era só na 2ª semana de outubro, faziam uma greve e manifestações em todo o país a exigirem imediatamente o regresso ao passado. (Nos últimos anos temos visto muitas greves, mas nada tem a ver com esse assunto).

É verdade! Três meses de férias! Lembro-me de passar um mês na Praia do Guincho, outro mês em Caldelas (campo) e o outro nas vindimas.

Dava para estarmos cheios de saudades da nossa escola, dos nossos colegas, das empregadas, e até (só às vezes…) das professoras.

Agora, mal tiveram tempo de esvaziarem as mochilas… e já estão a enchê-las outra vez. Digamos que agora as férias são assim uma espécie de fim de semana prolongado.

Claro que, para os pais, as férias de agora devem ser uma bênção! Noutros tempos, três meses com a miudagem em casa – e eles a terem de ir trabalhar, e a pensarem onde é que os vão deixar…. Realmente é bem verdade que não se pode agradar a gregos e a troianos.

Mas, no meu tempo, o regresso às aulas era uma alegria! Havia uma sessão solene, uma professora fazia o discurso da praxe (havia uma professora de Moral que acabava sempre «e quero que saibam que seja onde for estarei sempre pronta a servi-las»).

E quase todas recebíamos prémios e diplomas. Bastava nunca termos faltado – e recebíamos o “Diploma de Assiduidade”.

Se ficávamos no “Quadro de Honra” (quando tínhamos tido numa ou várias disciplinas médias superiores a 14 valores) recebíamos livros, um por cada disciplina com essa média. E eram livros muito bons, nada maçadores, nada para “nos ensinarem coisas”. E éramos muito aplaudidas e beijocadas.

Palavra que ainda hoje, quando me lembro desse regresso às aulas, ainda sinto saudades desses tempos.

Podíamos ir aos programas da TVI falar dos nossos livros…

Bjs