Inspirados no mar, o que torna estes vinhos portugueses especiais?

Os vinhos Dory, da AdegaMãe, vão muito além do sumo fermentado das uvas. Prestam uma homenagem sem que o mérito de um prémio recente pese no preço

Quando abrimos uma garrafa de vinho, não esperamos que ela transforme um momento. Esse papel cabe às circunstâncias e à companhia à mesa. Mas há vinhos que tornam qualquer encontro mais memorável.

É o caso dos vinhos Dory da AdegaMãe, vinhos de Lisboa com terroir atlântico, que se têm vindo a destacar no mercado nas últimas décadas. São vinhos que resultam de uma produção consistente, que alia frescura e autenticidade a um preço justo, características que foram reconhecidas com o prémio Marca do Ano pela Revista de Vinhos, em 2025.

 O reconhecimento dá assim peso às garrafas de Dory – branco, tinto e rosé –, no entanto, tal não se reflete no preço, que é um dos mais acessíveis no mercado: a partir de €4,99.

Bernardo Alves, Diretor-Geral da AdegaMãe, fala sobre a homenagens que prestam às embarcações tradicionais de pesca do bacalhau, representadas até no rótulo.

Os vinhos Dory têm um nome muito particular. Qual a inspiração por detrás desta gama e como se relaciona com a filosofia da AdegaMãe?

O nome Dory é uma homenagem às embarcações tradicionais de pesca do bacalhau – os “dóris” – utilizadas durante décadas na heroica faina do Atlântico Norte. É um tributo à história da nossa região e também à ligação da família fundadora da AdegaMãe ao mar, através da Riberalves, empresa líder no setor do bacalhau.

Essa inspiração não é apenas simbólica. Tal como os dóris representavam coragem e ligação ao oceano, o vinho Dory traduz a frescura e a identidade atlântica do nosso terroir. É a filosofia da AdegaMãe: criar vinhos que contem histórias e que carreguem no copo a alma do território de onde vêm.

O que torna os vinhos Dory especiais?

Os vinhos Dory – branco, tinto e rosé – da AdegaMãe são a expressão mais autêntica do nosso terroir atlântico e é uma marca que nos orgulha muito, porque rapidamente se tornou um símbolo da casa. A proximidade do oceano, os ventos frescos que atravessam as vinhas e os solos argilo-calcários conferem-lhes frescura natural, acidez vibrante e uma mineralidade única. O Dory branco, em particular, tornou-se no vinho mais popular da AdegaMãe e uma das referências mais reconhecidas no segmento em Portugal – e não só. Em 2025, a marca foi distinguida como Marca do Ano pela Revista de Vinhos, o que reforça a sua relevância e a confiança que o mercado deposita em nós.

De que forma o oceano influencia o perfil aromático e gustativo destes vinhos?

O Atlântico é determinante para o perfil do Dory. As brisas frescas do oceano temperam as vinhas, prolongam a maturação e permitem preservar uma acidez viva e equilibrada. O resultado são vinhos vibrantes, com notas cítricas e frutadas muito expressivas, acompanhadas de uma mineralidade salina que lhes dá caráter.

É um perfil distinto, que só é possível graças à geografia única da nossa região: vinhas de meia-encosta, a apenas 20 km de costa, (as vinhas ficam a 8 kms em linha reta do mar) plantadas em solos argilo-calcários. É como se cada garrafa fosse um retrato fiel do que significa um “vinho atlântico”.

Cada vinho conta uma história. Há algum momento marcante relacionado com os vinhos Dory?

O Dory acompanha toda a história da AdegaMãe. Foi um dos primeiros vinhos lançados, com a colheita de 2010, e desde cedo se afirmou como a nossa imagem de marca. Quinze anos depois, a distinção como “Marca do Ano” pela Revista de Vinhos tem para nós um valor muito especial – é o reconhecimento de um percurso consistente, num momento em que a Região de Lisboa vive o seu melhor ano de sempre em vendas.

Também guardamos com carinho a ligação ao rótulo: uma fotografia histórica de um pescador num dóri, no Atlântico Norte, que inspira a identidade visual da marca. Curiosamente, esse mesmo dóri – o n.º 37 – está hoje exposto na AdegaMãe, como testemunho físico dessa ligação entre passado e presente.

 Que tipos de pratos ou experiências gastronómicas aconselharia para acompanhar os vinhos Dory, de forma a realçar a sua singularidade?

Os Dory são vinhos feitos para a mesa e para a partilha. O Dory Branco acompanha na perfeição mariscos, peixe grelhado, sushi, saladas frescas ou pratos vegetarianos. O Dory Rosé é versátil, ideal para petiscos, entradas e momentos descontraídos. Já o Dory Tinto, mais elegante e pouco extraído, surpreende em grelhados, massas ou até com peixe em dias mais quentes.

A filosofia da AdegaMãe é precisamente esta: vinhos frescos, atlânticos, que se adaptam tanto a uma refeição mais elaborada como a um final de tarde com amigos.

Há planos para evoluir a gama Dory, seja com novas castas, edições limitadas ou experiências vínicas inovadoras?

Sim, o Dory é uma marca viva e em constante evolução. A cada vindima procuramos novas formas de interpretar o nosso terroir, sem perder a frescura atlântica que lhe é característica. Já lançámos varietais e edições especiais, e estudamos sempre possibilidades de novas expressões, seja através de castas diferentes, blends, fermentações alternativas ou edições limitadas que aprofundem a ligação ao oceano.

Mais do que inovar por inovar, o que queremos é manter a essência: vinhos atlânticos, frescos e identitários, que continuem a representar a AdegaMãe e a região de Lisboa no mapa dos grandes terroirs.

Este vinho tem um preço bem simpático. Isso compromete a qualidade?

De forma alguma. O Dory é a prova de que qualidade e acessibilidade podem andar de mãos dadas. É um vinho com produção consistente, que alia frescura e autenticidade a um preço justo, razão pela qual se tornou tão popular junto dos consumidores e tão reconhecido pelo mercado.

Para a AdegaMãe a democratização do vinho de qualidade é fundamental e o sucesso do Dory, dentro e fora de portas, confirma que é possível oferecer vinhos com identidade e carácter sem abdicar de um posicionamento acessível.