As festas e os eventos de música eletrónica reproduzem-se em Portugal a um ritmo alucinante. Todos os anos aparecem novos e diferentes palcos e espetáculos com cartazes de nível internacional e djs de referência. Passámos definitivamente de um país periférico e pouco atrativo a um dos sítios mais atraentes para os grandes nomes. Para isso muito ajudaram nomes significativos da esfera nacional como Dj Vibe e algumas casas que nunca desistiram de seguir uma linha mais alternativa em que aliás, diga-se em abono da verdade, nunca deixaram de acreditar, mesmo quando era difícil. Antigamente este tipo de festas era associado a gente consumidora de drogas e a uma balança extremamente desequilibrada, onde o número de homens era esmagadoramente superior ao do sexo oposto. Hoje tudo mudou. Existem muitas produções sexys, que implicam outfits bonitos e fora da caixa e que conseguem chamar um público feminino com cultura musical e muita vontade de dançar. A própria música também foi sofrendo mutações ao longo dos tempos e o que era antigamente marginal passou a ser mainstream.
Dia 10 de outubro teremos pois mais uma novidade. Em estreia por cá, o famoso festival “No Art”, que tem dado muito que falar em Amesterdão, realizar-se-á no Passeio Marítimo de Algés e trará consigo um line up de respeito, a começar pelos Rufus Du Sol, galardoados com um Emmy, mas também os The Martinez Brothers. Sobre estes últimos, originários do Bronx, em Nova Iorque, tenho, aliás, uma história peculiar que me carrega de nostalgia. Corria o ano de 2007, estava eu com um projeto no já extinto Belém Bar Café na nossa capital. Fazíamos umas festas sob o nome “Go With the Flow”, às quintas-feiras, e uma vez por mês tínhamos o compromisso de trazer um nome internacional diferente, no fundo para contribuirmos com alguma cultura musical para os que gostavam de nos visitar. Trouxemos nomes como Fish Go Deep, Laidback Luke, Dimitri From Paris, entre outros. Um agente da altura, sabendo desta nossa apetência, veio-nos propor uns djs novos, que eram à data menores de idade, por isso teriam que vir acompanhados do Pai e cobrariam um valor irrisório para mostrar o seu trabalho que andavam a promover pela Europa.
Assim tivemos oportunidade de poder usufruir do som dos The Martinez Brothers (penso que por 1000€), dois miúdos que teriam cerca de 13 ou 14 anos e que deram um espetáculo incrível. Uma capacidade de misturar e de aplicar a sua técnica na altura em cd’s, que galvanizou o nosso público de tal forma que no ano seguinte tentámos trazê-los de novo. Só que esbarrámos na intransigência do progenitor. Afinal de contas os miúdos tinham tido más notas na escola e como castigo foram proibidos durante uns meses de tocar fora do seu meio. Ficou a história e a coincidência. Destas aliás há muitas por aí.
No tempo em que explorava a Kapital, por volta de 2009/2010, criámos uma pista eletrónica no piso inferior. Pusemos aquela sala com uma acústica incrível e com um painel de leds que tínhamos visto no famoso clube WaterGate, em Berlim, mas numa versão melhorada, que começava atrás da cabine e se estendia por toda a zona central da pista. Um certo dia chegou lá um rapaz que ficou tão maravilhado com o espaço que perguntou se podia lá tocar no dia seguinte, sem custos para nós. Achámos aquilo um bocado ridículo porque quem definia a programação éramos nós. Quando nos apercebemos era Shlomi Aber, o conhecido dj israelita que nesse ano havia ganho o prémio de melhor dj do Ano, no estilo Minimal, da plataforma Beatport. E lá lhe fizemos a vontade.
A descobrir:
A ilha do Farol é um dos segredos mais bem guardados do Algarve. Para além do local, que é lindíssimo, este ano descobri um dos melhores pregos que já comi na minha vida (e já comi alguns!). O bar/restaurante chama-se Cais Aqui, mesmo à saída dos barcos. Se por lá passar não se esqueça de pedir a especialidade, do lombo. Vale mesmo a pena!
Uma música para dançar no fim de semana:
Hutchula (Extended Mix) – Dj Sebastien Leger