Companhia

Uma profissional dedicada, eficiente, assertiva e de entrega total. Sempre com um sentimento de acolhimento e carinho transmitido ao público. Quem nos dirá agora «Até amanhã, se Deus quiser»? E para «agarrarmos o lado bom da vida»?

Querida avó,

Ainda sobre o tema abordado na passada semana, a cultura tem um papel fundamental como elo entre gerações. Funciona como memória coletiva, inspiração e projeção para o futuro.

Quando falamos de cultura, transversal a várias gerações, destacamos a sua capacidade de: Transmitir valores e identidade; promover o diálogo intergeracional; reinventar sem perder raízes e muito mais.

Não é por acaso que tens imensos livros que já foram lidos por três gerações. Livros que continuam a ser lidos pelas gerações mais novas, mantendo o interesse e a atualidade.

Os Musicais (filmes e teatro) são uma das expressões artísticas mais potentes para unir gerações, porque combinam música, interpretação, dança e narrativa. Nem todos gostam de musicais, eu gosto imenso. Não perco um Musical do nosso amigo Filipe La Féria, nem dos nossos queridos irmãos Feist.

Fui assistir ao Company, que está em cena no Auditório do Casino Estoril. Um sonho de Henrique que se realiza 30 anos depois. Desistir nunca é opção! Estejam onde estiverem, os pais dos irmãos Feist estão muito orgulhosos do percurso dos filhos.

Recordo-me perfeitamente da estreia deles, em 1982, no mítico programa Passeio dos Alegres, do Júlio Isidro.

Por falar no Tio Julião, finalmente o grande apresentador recebeu o Globo de Outro na categoria de “Mérito e Excelência”. Há muito aguardado. Mais do que merecido! Com mais de 65 anos de carreira, transversal a várias gerações, respeitado por todos, tem feito companhia a muita gente ao longo dos últimos 65 anos.

Quem também nos fez companhia ao longo de uma vida foi a nossa querida Dina Aguiar. Uma profissional dedicada, eficiente, assertiva e de entrega total. Sempre com um sentimento de acolhimento e carinho transmitido ao público.

Quem nos dirá agora «Até amanhã, se Deus quiser»? E para «agarrarmos o lado bom da vida»?

Quem nos fará companhia no final da tarde?

Bjs

Querido neto,

Como sabes, trato os irmãos Feist como «meus meninos».
Era muito amiga do Luís Feist e gostava imenso do trabalho da Manuela Paulino. Uma figura marcante na história da televisão portuguesa integrando o grupo pioneiro da RTP. Destacou-se como locutora de continuidade, uma função central nos primeiros anos da televisão em Portugal.

Como deves recordar-te a ligação com o público era feita sobretudo através da presença constante, confiável e calorosa dos locutores e locutoras. Outros tempos.

Fiquei muito feliz com o Globo de Outro do Júlio Isidro, um irmão para mim. Conheço-o, pelo menos, desde 1979, ano em que foi publicado o livro Rosa, Minha Irmã Rosa. Já perdi a conta ao números de vezes que fui aos seus programas.

Quanto à Dina Aguiar, sou sua amiga há muitos anos, ainda ela não fazia o Portugal em Direto – mas fazia outros. Programas sempre de muito interesse, e que, tal como agora, eu nunca perdia.

Foi anunciado que a despediram. Para economia da estação e não sei que mais. Caramba, será que ela ganhava assim tanto???

As pessoas que participavam sempre muito competentes, falavam um português corretíssimo (nunca as ouvi utilizarem mal o verbo “haver” como em tantos, tantos outros programas…).

A isto chama-se um ”despedimento sem justa causa”.

O meu marido foi critico de televisão durante longos anos. Falou de todos estes profissionais.

Termino com um poema seu:

«Enfim, não digo que. É natural.
Mas pronto. Adeus, prazer em conhecer-vos.
Filhos, sejamos práticos, sadios.

Nada de flores. Rigorosamente.
Nem de velas, está bem?
Se as acenderem
Sou homem para me levantar e vir soprá-las e cantar os “parabéns”

Não falem baixo. É tarde para segredos
Conversem, mas de modo que eu também 
Ouça e melhor a grande noite passe 

Peço pouco na hora desprendida:
Fique eu em vós apenas como se tudo não fosse mais que um sonho bom».

Bjs