A cidade continua a brilhar II

Com a vitória do La Libertad Avanza nas eleições intercalares, a tocha da liberdade e da prosperidade continua acesa para os argentinos

Em maio escrevi, a propósito da vitória de Manuel Adorni, que a Argentina – a cidade brilhante sobre a colina – continuava a brilhar. Isto porque a vitória do ex-porta-voz de Javier Milei na capital foi uma demonstração de que reduzir o aparato estatal, devolvendo a liberdade às pessoas, também pode ser, mais que uma necessidade para a prosperidade, um estandarte político vencedor. 

Ora, no último domingo os argentinos voltaram às urnas para definir a composição da Câmara Baixa e do Senado. Milei voltou a vencer. E venceu de forma inequívoca, contra todas as sondagens. Arredondando os números, o La Libertad Avanza (LLA), conseguiu 41% dos votos contra 33% (números arredondados) da oposição peronista – um número que se traduz em 101 deputados e 20 senadores, superando o objetivo de conquistar um terço da representação, permitindo a Milei utilizar o veto presidencial. O LLA venceu em 15 das 24 províncias do país, conseguindo, por fim, penetrar de forma decisiva em Buenos Aires, o grande bastião do peronismo.

No fundo, o resultado destas eleições intercalares é uma boa notícia para a Argentina, para os Estados Unidos e para o mundo livre. Para a Argentina, porque, a cada nova eleição, parece cada vez mais determinada em remeter o peronismo ao seu devido lugar: um capítulo extremamente infeliz da história, nada mais que isso; Para os Estados Unidos, porque se trata do seu maior aliado na América Latina e, se um dos objetivos da política externa americana passa por garantir o triunfo da liberdade e da democracia, parafraseando o senador republicano Rick Scott, é de primordial importância que Milei tenha sucesso económico e político; Para o mundo livre, porque é, em última instância, o triunfo da liberdade ante um projeto cujas maiores contribuições para o país foram a repressão e a miséria. Ah, e não esquecer que a sua ex-líder está em prisão domiciliária. 

Mas, naturalmente, o definhar dos projetos castro-marxistas no seu reduto histórico tem causado celeuma em algumas redações. Uma agência de notícias internacional, por exemplo, publicou uma notícia com o título “Partido de extrema-direita de Milei triunfa nas eleições intercalares”. O título acabou por ser alterado, mas o exercício de classificar Milei como de extrema-direita é merecedor de destaque no Hall of Shame da ciência política e do jornalismo preocupado com a verdade. Mas outra estação elevou a fasquia: não só disse que o LLA perdeu as eleições, como afirmou que, consequentemente, Milei deixaria de ser presidente. O ponto positivo? Aprendemos que um presidente deixa automaticamente de o ser quando o seu partido perde umas eleições legislativas. É sempre refrescante e esclarecedor ficar a conhecer particularidades de sistemas eleitorais que, até então, escapavam à nossa compreensão. 

Importa ainda não esquecer as previsões de vários economistas que alertavam para o inferno que se abateria sobre a Argentina no caso de uma vitória de Milei em finais de 2023. Thomas Piketty foi um dos signatários de peso de uma carta aberta que augurava a «devastação» do país. Ora, quando colocada perante os dados, a imaginação progressista perde toda a sua atratividade. Quanto ao PIB real, a Argentina registou um dos mais rápidos crescimentos do mundo (4,5%, de acordo com o FMI); a inflação rampante – o pior imposto para os mais desfavorecidos – deixada pelas administrações anteriores encontra-se agora nos 32% (dados do INDEC); e no que diz respeito à pobreza, o primeiro semestre de 2025 registou a percentagem mais baixa (31,6%, uma redução de mais de 20 pontos percentuais em relação a 2024) desde 2018. Talvez Piketty e os seus correligionários prefiram os dados de Cuba e da Venezuela, vá-se lá saber porquê.

Assim, a tocha da liberdade e da prosperidade continua acesa para os argentinos. E é por isso que hoje escrevo novamente que a cidade brilhante sobre a colina continua a brilhar na América Latina.