Levar o corpo ao limite…

Fazer exercício faz bem à saúde, levar o corpo para além do limite não. São coisas distintas e é importante que tenhamos consciência disso

Esta não é uma crónica simpática, nem será de todo consensual. Mandam as modas atuais e o status quo vigente que se defenda toda e qualquer atividade física e todo o tipo de exercício. Dizem os “especialistas” que faz bem à saúde, melhora a imunidade e desenvolve o corpo de forma a combater o envelhecimento precoce. Não é minha intenção contestar nada disso. Quero sim chamar à atenção de quem o faz, especialmente a partir de uma certa idade, sem aconselhamento médico ou sem que façam exames periódicos que atestem a capacidade para levar o corpo ao limite. É do senso comum que à medida que o tempo vai passando vamos perdendo algumas destrezas, os órgãos não funcionam da mesma forma e a “máquina” não responde da mesma maneira. Faz parte da vida. Devemos por isso aceitar essa condição irreversível e adaptarmo-nos aos sinais dos tempos. Se devemos simplesmente parar e ficar no sofá à espera que a morte chegue? Claro que não. Mas devemos ser sensíveis e saber dosear o esforço para que não apareçam surpresas negativas que nos retirem o prazer de por aqui andar mais uns anos.

Vem isto a propósito dos rumores que correm de que faleceu mais de uma pessoa na recente Maratona de Lisboa. Não sei se é verdade mas um dos casos aconteceu com uma pessoa que conhecia (estão por apurar as causas). A confirmar não é propriamente novidade nem caso isolado. É frequente vermos notícias de situações similares um pouco por todo o mundo. Vejo com estranheza que não se encontrem notícias sobre estes casos mais recentes mas acredito que a informação se tenha mantido em círculos mais restritos. No célebre “Iron Man” que, como o nome indica, é digno de máquinas dado o esforço brutal necessário para realizar a prova, é rara a vez onde não morre alguém. Logicamente que só se inscreve quem quer e a intenção primária de promover o exercício físico e a saúde é mais do que legitima. Pergunto é se as pessoas têm consciência dos possíveis riscos e de que não é para todos. 

Hoje em dia o culto do corpo, a longevidade e a aparência são levadas ao extremo. A sociedade diz-nos que ganhamos pontos aos olhos dos outros se praticarmos desporto e apresentarmos uma estrutura física apetecível. É por isso cada vez mais comum vermos gente que nunca se mexeu dedicar-se a treinos intensos e a apostar tudo para cultivar um ar mais jovem e saudável. O problema é que nós somos como uma máquina e uma máquina que teve parte da vida parada não pode ser levada ao limite, precisa de dosear a sua atividade e trabalhar de forma equilibrada. Mas não. Há quem passe do 8 para o 80 e exiba a sua nova condição como se de um renascimento se tratasse. Mas nós não vamos para novos, o tempo passa a correr e o que éramos já não somos mais.

É assim fundamental que quem se entrega a estas competições, mas também quem se dedica a um estilo de vida mais ativo numa mudança brusca de hábitos, entenda que também aqui não existem só fatores positivos, existe um risco e que esse mesmo risco deve ser controlado e acompanhado. Como qualquer carro que vai fazer a revisão na oficina também nós devemos levar a nossa máquina ao “mecânico” para perceber se o esforço a que nos estamos a submeter é o indicado, ou se nos estamos a meter em aventuras que podem correr mal. Fazer exercício físico é ótimo, manter a forma também, combater o sedentarismo traz-nos inúmeros proveitos e querer ter um físico mais atraente é mais do que justo. Cuidado é com a forma de o atingir e atenção para o facto de estarmos ou não preparados para isso. Façam exames para perceber até onde podem ir. 

A descobrir:

Todos os anos milhões de pessoas vão em romaria até Fátima movidos pela sua fé. Uns vão pedir, outros agradecer e honrar a sua devoção. Mesmo com um motivo bem definido na sua cabeça isso não significa que não aproveitem algumas iguarias verdadeiramente “sagradas” que por ali existem. Para quem, como eu, é adepto do pastel de nata encontram na pastelaria “Piccolina” aquele que é para mim o melhor que já provei. Para almoçar ou jantar, o “O Crispim” tem carne na brasa com migas e arroz de feijão – a um ponto que se me perguntassem onde queria ter a minha ultima refeição antes de morrer, esse seria o sitio escolhido. Mesmo que não seja católico vale a pena a viagem.

Uma música para dançar no fim de semana:

Let it ride ( Jamie Jones remix) – Lenny Kravitz