
Querida avó,
Tal como no Natal, no meu aniversário recebo sempre imensos livros. Este ano não foi exceção.
Destaque para os seguintes: O Segredo dos Segredos, de Dan Brown (tenho todos os livros do “mestre do thriller”). Gosto imenso de livros repletos de reviravoltas e de enigmas por decifrar e sou fã do prestigiado professor de simbologia, Robert Langdon, que desta vez viaja até Praga, cidade que adoro; O Último Avô, de Afonso Reis Cabral (também tenho os livros todos). A história centra-se no neto de um famoso escritor que, após a morte do avô, tenta descobrir o significado de um manuscrito queimado, mergulhando nos mistérios e traumas da família e do passado; O Surpreendente Silêncio dos Homens, a “nossa” Rita Ferro está de volta com um romance atual e corajoso, um grito de alerta ante a escalada mundial da brutalidade contra as mulheres; O Grande Livro de Curiosidades, da Porto Editora, está a ser uma agradável surpresa. 365 coisas que vale mesmo a pena saber. Perfeito para mentes curiosas, que adoram partilhar um bom «sabias que…?», um guia para redescobrir o prazer de aprender, todos os dias, em pequenas doses de sabedoria, que irei partilhar contigo.
Nisto recordo o Livro dos Porquês que me foi oferecido pelos meus avós (analfabetos), deveria eu ter uns 10 anos, quando eu estava na “fase dos porquês”. Desta forma, tentaram dar resposta ao mundo inteiro que eu tinha para decifrar, sem ter de fazer-lhes muitas perguntas, para as quais eles nem sempre tinham respostas
Foram os analfabetos que despertaram em mim o gosto pela leitura, o pensamento crítico, a compreensão do mundo, o conhecimento, a cultura…
Ao longo da vida os livros têm-me trazido muitas alegrias. E como dizia o Almada Negreiros «A alegria é a coisa mais séria da vida!».
O que estás a ler? É a pergunta que me fazem, e que eu faço, frequentemente.
Não imagino como seria o mundo sem livros.
Bjs
Querido neto,
Se não eras capaz de viver sem livros, imagina eu! Belíssimos livros que te ofereceram no teu aniversário.
Por falar em livros, deixa-me que te diga, temos um grande padre aqui na Ericeira!
É o Padre Tiago – e tanto podemos encontrá-lo a dizer missa na igreja como pendurado nas rochas da praia a apanhar mexilhão…
Só o fato é que muda, mais nada. Mas empenha-se a fundo em tudo o que faz.
Aqui há uns dias organizou uns encontros com o tema “Esperança” – e foram extraordinários.
Ele é que ligou a cada um de nós a convidar-nos e a explicar o que pretendia. Convidados de várias áreas, todos diferentes uns dos outros, em dias diferentes, em lugares diferentes… e a falarem de esperança em várias áreas: na ciência, na pintura, etc.
A mim coube-me “A esperança – nos livros”, claro.
Logo por azar foi num daqueles dias em que nunca parou de chover – e todos nós dissemos: «Que azar, não vai lá estar ninguém!».
O início estava marcado para as três da tarde, por isso, minutos antes liguei para o salão e perguntei:
«Já chegou alguém?»
E de lá responderam-me:
«Há meia hora que está completamente cheio! Não cabe nem mais uma pessoa, até porque já há gente sentada nas escadas laterais!».
E todos os palestrantes (eu incluída) começavam sempre da mesma maneira:
«Se não fosse o Padre Tiago, garanto que eu não estava aqui!»
E as conversas (com perguntas e respostas) prolongaram-se até às oito da noite – e foi porque a organizadora do evento disse «temos de fechar as portas!».
É claro que os temas eram interessantes, e os palestrantes também, mas tenho a certeza de que, se não fosse o Padre Tiago, nada tinha corrido tão bem.
Espero que me emprestes esses livros, depois de os leres, claro.
Como sabes, também gosto muito do Afonso e da Rita. Juntamente com Leonor Xavier, Rosa Lobato de Faria, Catarina Fonseca, Rita Ferro e Luísa Beltrão escrevemos o livro 13 Gotas ao Deitar.
Vivam os livros!
Bjs