A ida de Cristiano Ronaldo à Casa Branca, integrado na comitiva da Arábia Saudita, contribuiu para um coro de críticas, havendo mesmo quem tenha sugerido que o capitão da seleção nacional passe a jogar na equipa nacional do petróleo. É tudo tão ridículo que é difícil argumentar contra tais pensamentos.
É certo que Cristiano Ronaldo juntou-se a duas figuras que muitos odeiam, Donald Trump e Mohammed bin Salman, o manda-chuva no país onde Ronaldo joga. Salman tem ainda a particularidade de ter sido acusado de ter ordenado a morte de um jornalista há uns anos. Não tenho pelas duas criaturas qualquer simpatia, bem pelo contrário, mas Portugal não tem negócios com os Estados Unidos da América e com a Arábia Saudita? Alguma vez se disse o mesmo dos políticos portugueses, e não só, que receberam ou foram visitar Kadafi, Chávez, Fidel Castro, Putin ou outros ditadores, nomeadamente africanos? Não creio.
Mohammed bin Salman não é, seguramente, o único político que tem as mãos sujas de sangue – Putin, além dos crimes de guerra, gosta de testar adversários para saber se eles têm asas… –, e, sabe-se, está a fazer uma abertura no seu país sem precedentes. As mulheres já podem conduzir, os costumes estão mais brandos e muitos ocidentais conseguem perfeitamente viver na Arábia Saudita, desde que não bebam álcool. Para essa abertura muito contribui Cristiano Ronaldo e a sua namorada, que se tornaram numa espécie de cartão de visita do país, dando um toque de abertura óbvio. Mas a rapaziada cá do burgo fica histérica quando Donald Trump aparece em cena e Ronaldo apanhou por tabela. Só isso. Como é óbvio, o jogador quer tanto saber de política como eu de cricket.
Mudando de assunto, novembro é o mês em que o comandante da PSP de Lisboa aparece a dizer que a criminalidade violenta desceu. A ser verdade, ficamos todos contentes, como é óbvio. Mas é estranho que apresente números até outubro e não aguarde pelo fim do ano, à semelhança da PSP_no seu todo. Diz Luís Elias que a criminalidade violenta na Grande Lisboa desceu 1,9%, enquanto a criminalidade geral aumentou 6,1%. Para quem não está dentro do assunto, há quem diga que a divulgação destes números tem o objetivo de desmentir Carlos Moedas, presidente da autarquia. Quero acreditar que não.
Quando Luís Neves, diretor nacional da PJ, assume que está preocupado com a criminalidade violenta e com a violência empregue por supostos criminosos, é, no mínimo, insólito. «As organizações criminosas estão cada vez mais sofisticadas e, não raras vezes, reativas à violência, à atuação das autoridades. A Guarda Nacional Republicana, nos últimos dois meses, foi confrontada com a utilização de armas de calibre de guerra, com AK 47», disse o diretor da PJ, segundo o DN.
Já antes tinha falado na detenção de vários homens ligados ao PCC, a famosa organização mafiosa brasileira. E há um número que vai fazer disparar as sirenes quando forem divulgados os dados dos homicídios. Ao que tudo indica, este ano já estão registados mais de 130, o ano passado foram 86.
Bem sei que a PSP de Lisboa fez 158 anos e o seu atual comandante gosta de fazer um balanço, e fica-lhe bem tranquilizar a população da Grande Lisboa – Luís Elias tem sido um comandante elogiado pelos seus pares. Mas o que dizer dos receios de Paulo_Santos, líder da ASPP, quando afirma que «há esquadras que não têm um único carro patrulha, e há locais onde já não temos capacidade operacional»? Ou que «em muitos sítios do país, um polícia isolado, fardado, é um alvo a abater»? Sem comentários.
Telegramas
Olhem para o teto
Num episódio da série A Lei de Murphy, a jornalista organiza uma exposição do seu homem a dias, que se revelara artista. Os críticos, dos melhores meios, elogiaram muito as paredes brancas, enquanto o ‘pintor’ agarrava os cabelos e dizia: «Estúpidos, olhem para o teto» – onde estava a suposta obra de arte. Vem esta conversa a propósito das críticas de todos os partidos à anunciada intenção do Governo de reduzir os custos na Saúde. Esta semana, duas notícias juntaram-se a muitas outras que mostram como a Saúde é um maná para alguns… Será que ainda acham que não é preciso combater o desperdício?
Mesquitas públicas
A Assembleia da República chumbou uma proposta do Chega que pretendia proibir o financiamento público para a construção de mesquitas. É um erro dos partidos que chumbaram tal medida, pois numa época em que tantos cristãos são perseguidos pelo mundo fora, não faz muito sentido haver dinheiros públicos para a construção de mesquitas em Portugal. Coisa completamente diferente é o Estado incentivar as comunidades muçulmanas, e não só, a construírem as suas mesquitas… com o seu dinheiro. E isso é ótimo até para a segurança, pois é nas ilegais que campeiam os fanáticos…
Não havia necessidade
Não percebo qual a necessidade de se fazerem desenhos animados a dizer que há uma rapariga trans, mas que tem um pénis e que não tem pelos porque toma hormonas para o impedir – e que não é uma mulher por fora e um homem por dentro, ou vice-versa… Qual é o objetivo de passar isto na RTP2 às duas da tarde? Acham que vão esclarecer alguma coisa dessa forma?