Galp defende parceria com a Total na Namíbia e garante menor exposição no projeto Mopane

A petrolífera portuguesa justifica a escolha da TotalEnergies como parceira para “operar e desenvolver conjuntamente a descoberta de Mopane através de uma troca de ativos”

A Galp assegura que a parceria anunciada esta terça-feira com a TotalEnergies para a exploração petrolífera na Namíbia é “vantajosa” e permitirá reduzir significativamente a exposição financeira da companhia portuguesa no desenvolvimento do projeto Mopane.

A petrolífera sublinha que este tipo de operações “é normalmente desenvolvido em consórcio” e que não faria sentido manter uma participação tão elevada como aquela que detinha até agora.

Durante uma conference call com jornalistas, João Marques da Silva, um dos co-CEO do grupo, recordou que “este tipo de projetos é desenvolvido em consórcio”, justificando que não é “usual que a Galp tivesse uma exposição de 80%”. Para o gestor, “não faz sentido que a Galp tenha esse tipo de exposição”, frisando que o essencial neste processo é ter “um parceiro credível” para avançar com a exploração do ativo.

O acordo divulgado hoje prevê a troca de 40% da participação da Galp na licença PEL 83 por participações menores noutras duas áreas operadas pela TotalEnergies. “Em troca de uma participação de 40% na PEL 83, a Galp irá adquirir uma participação de 10% na PEL 56, onde se encontra a descoberta Venus, e uma participação de 9,4% na PEL 91, ambas operadas pela TotalEnergies”, refere a empresa em comunicado.

A petrolífera portuguesa justifica a escolha da TotalEnergies como parceira para “operar e desenvolver conjuntamente a descoberta de Mopane através de uma troca de ativos”.

Segundo a Galp, a lógica do negócio é clara: Mopane ainda exige muitos anos de avaliação e trabalho técnico, enquanto Venus está num estado de maturidade mais avançado, podendo mesmo entrar em produção já em 2030.

A co-CEO Maria João Carioca explicou ainda que, de acordo com o acordo de financiamento, a Total irá “assumir 50% dos custos com o desenvolvimento inicial de Mopane”, sendo esse montante reembolsado apenas quando o ativo começar a produzir petróleo. Uma estrutura que, segundo a gestora, permitirá “reduzir significativamente” o risco financeiro da Galp.

A reação do mercado, porém, foi imediata e negativa: as ações da Galp encerraram a sessão desta terça-feira na bolsa de Lisboa a cair mais de 14%. Questionada sobre o impacto do anúncio, Maria João Carioca admitiu que alguns investidores de curto prazo poderão ter criado expectativas de uma “devolução de ‘cash’ mais rápido”, mas mostrou-se confiante de que a perceção mudará quando os acionistas “olhem com mais calma” para os detalhes do negócio. Sobre o momento da divulgação, a responsável garantiu que houve preocupação com eventuais “fugas de informação”.

Os co-CEO da Galp não revelaram qualquer valor associado à transação, mas insistem que a parceria representa um passo estratégico para mitigar risco, acelerar o desenvolvimento dos projetos e reforçar o posicionamento da empresa na região da África Austral.