Assisto a infindáveis debates sobre emigração e confesso que ou sou muito distraído ou o debate é muito mal explicitado, porque não consegui, para além de medidas avulsas, entender quais os princípios com que pretendemos, enquanto nação, nortear a política de emigração. Pessoalmente considero que o domínio do idioma português deve ser requisito para quem queira obter residência, autorização de trabalho e particularmente a nacionalidade. Não me faz sentido que em Portugal existam pessoas a trabalhar, nomeadamente e em particular com relação direta com o publico, que não saibam falar português. Esse sim é um requisito base para uma adequada integração. Para além dessa condição, considero adequada a existência de quotas para os diferentes tipos de formação. É absolutamente fundamental que a nossa política de emigração esteja vocacionada para também atrair talento de alto nível científico, tecnológico e artístico. Uma política de emigração adequadamente estruturada deve contribuir para o desenvolvimento e inovação da economia e da sociedade portuguesa.
Como será fácil de observar, a política e o debate em matéria de emigração está longe de acomodar uma visão estratégica num modelo de integração e contributo da emigração para uma sociedade mais humanista e para uma economia mais inovadora. As boçalidades e slogans que se esgrimem entre os diferentes atores políticos são bem demonstrativos do basismo que impera.
Também sobre leis laborais, muito se tem falado, escrito e debatido. Até uma greve geral já ocorreu. Uma vez mais terei estado, obviamente distraído, porque fiquei sem entender qual a visão que queremos para a evolução das ciências do trabalho e das empresas num país que teima na estagnação.
Queremos uma maior participação do recurso trabalho na tomada de decisão e na partilha dos lucros das empresas, de forma a termos uma maior pacificação e, acima de tudo, uma convergência de interesses entre os recursos financeiros, trabalho e tecnologia? Como queremos assinalar e premiar o mérito? Como vamos evitar que as empresas não sejam obrigadas as substituir-se à segurança social? Como poderemos de forma mais fácil despedir os incompetentes?
Estes temas são essenciais ao desenvolvimento do ambiente de trabalho no país. Os portugueses que, regra geral, são muito bem-sucedidos noutro tipo de organização têm direito a ser bem-sucedidos em Portugal. Não tenhamos dúvidas que é absolutamente imprescindível evoluir transformando profundamente a lógica da relação entre capital e trabalho. Não há alternativa de desenvolvimento socialmente sustentável a essa convergência de interesses.
Por fim e nesta atualidade estagnada assisti aos debates presidenciais e verifiquei que há um conjunto de políticos profissionais que sem qualquer experiência de relevo fora do sistema político vêm reclamar como relevante é a experiência que efetivamente não precisamos. Há experiências que convém não experienciar.