Dito & Feito

Falta apenas um mês e um dia para os portugueses serem chamados a votar nas eleições europeias. E se há dois resultados facilmente previsíveis – uma abstenção acima dos 60% (é assim, em europeias, desde há 20 anos, nas últimas quatro eleições) e uma vitória do PS – já a amplitude e a margem do…

Já se sabe que os eleitorados aproveitam muitas vezes as eleições europeias para mostrarem o seu desagrado aos governos em funções. E Portugal não tem sido excepção: foi assim com Sócrates em 2009 (perdeu com uns quase humilhantes 26,5%), com a dupla Barroso/Portas em 2004 (minguaram, em coligação, para 33,3% e ficaram a mais de 11 pontos do PS) e até com Cavaco Silva (que, em 1989 e 1994, viu fugirem-lhe nas europeias 15 a 20 pontos das maiorias absolutas que ia alcançando nas legislativas).

Ora, é de esperar que seja de igual ou ainda maior dimensão a punição eleitoral da coligação PSD/CDS após três anos de austeridade, troika, cortes e empobrecimento generalizado. E que António José Seguro, não obstante a frouxidão e inconsistência política da sua liderança, leve o PS claramente acima dos 40% de votos, deixando a dupla Passos Coelho/Paulo Portas no limiar dos 30%, a mais de 10 pontos de distância.

Se for este, como é muito provável, o resultado da noite de 25 de Maio, regressará com estrondo o cenário de uma possível maioria absoluta do PS nas legislativas de 2015. Obrigando a uma rápida revisão do tão repetido discurso do “obrigatório entendimento alargado” entre PSD, PS e CDS, do “amplo consenso” e do inevitável “bloco central, aberto ou disfarçado” pós-legislativas, que vem sendo feito pela generalidade dos comentadores políticos, passando até pelo Presidente da República e pelo presidente da Comissão Europeia.

Ou seja: o PS, mesmo com Seguro, poderá chegar à maioria absoluta e dispensar mais amplos consensos. Já o PSD e o CDS poderão ter que repensar as vantagens (e as desvantagens) de perderem as legislativas de 2015 sozinhos… ou coligados.

jal@sol.pt