A verdade a que não temos direito

O Mundial de Futebol que hoje começa será visto por uma das maiores plateias de que há memória. As televisões, os telefones, os computadores e seus derivados, levarão as imagens que milhões e milhões de pessoas irão acompanhar.

Aquilo que todos veremos será depois analisado até ao mais ínfimo pormenor por ‘especialistas’ que dirão de sua justiça como se de lei se tratasse. Nas televisões portuguesas, por exemplo, serão dezenas os experts que a toda a hora nos desenharão o que estamos a ver. É normal que assim seja, cá e em quase todo o mundo de sábios instantâneos. Afinal, todos somos treinadores de bancada.

Mas a verdade pode ser bastante diferente daquela que os nossos olhos absorvem. Ou, pelo menos, não vêem. Vem esta conversa a propósito de um livro recentemente editado sobre um dos maiores mágicos de sempre do futebol: Diego Armando Maradona. E o que nos diz a obra? Diz muito, pelo menos no que toca a pistas que devemos seguir.

Para os menos informados, Maradona tinha sido campeão do mundo pela Argentina em 1986, num campeonato que ficará para sempre na história, quanto mais não seja pela ‘mão de Deus’. Em 1990, com uma equipa muito fraca, a Argentina chegou de novo à final e perdeu-a com a Alemanha. Maradona já tinha alcançado o estatuto de Deus e entrado nos caminhos da perdição, incompatíveis com um jogador de futebol.

 

Depois de escapar durante anos aos controlos antidoping, acabaria por acusar cocaína, salvo erro, nos primórdios dos anos 90. Depois disso, voltou em grande à Selecção argentina e estava a fazer um belo campeonato do mundo quando lhe foi detectada efedrina na urina. Em poucas horas a Argentina entrava em convulsão, ao que dizem os relatos, semelhante à ocorrida 20 anos antes com a morte de Juan Péron.

O livro lança farpas a vários intervenientes – Governo dos EUA, onde se realizou o campeonato, FIFA e Federação Argentina – e cada um fará o seu juízo. Quatro anos depois, outro fenómeno estranho aconteceu noutro mundial. Ronaldo, o Fenómeno, antes da final do Campeonato do Mundo entrou em convulsões e foi parar ao hospital. Regressou a tempo de entrar em campo, onde se assemelhou a um morto vivo.

 

As teorias da conspiração dizem que se não tivesse entrado em campo um dos patrocinadores teria cancelado as verbas acordadas. Esperemos que este Mundial não tenha tantos mistérios e que Portugal possa fazer uma gracinha. 

vitor.rainho@sol.pt