Livre e o líder ‘não assumido’

O Livre deverá aprovar amanhã, em assembleia, uma proposta para abrir o diálogo à esquerda, nomeadamente com PS, PCP e BE, rumo a um entendimento para as legislativas de 2015. Em cima da mesa vai estar ainda uma proposta de um grupo de nove militantes que acusa Rui Tavares de ser um “líder não assumido”,…

Livre e o líder ‘não assumido’

O Livre vai aproveitar o segundo congresso, que deverá ser agendado para dia 5 de Outubro, para dar início ao diálogo com a esquerda. O partido quer marcar o calendário das reuniões com o PS, PCP e BE o quanto antes, admite Rui Tavares ao SOL. “Não há tempo a perder. As eleições são em 2015, se não for antes, e é preciso construir uma alternativa de esquerda a esta maioria”, explica.

Tavares admite que o Livre não pode nem deve esperar que a liderança dos socialistas fique clarificada. O mesmo é dizer que será António José Seguro a decidir se aceita ou não dialogar com o Livre.

Mas o encontro de amanhã, quando o partido não tem um ano de vida, será ainda marcado pelos primeiros sinais de oposição interna. Henrique Doria, José Cavalheiro e Jorge Ferreira são três militantes de um grupo de nove com assento na assembleia do Livre (constituída por cerca de 45 militantes) que vão apresentar uma proposta para que o segundo congresso seja electivo e não apenas ratificador da estratégia.

Na origem desta posição, explica Doria, está o desacordo com a “estratégia, a linguagem e as ambições” de Rui Tavares. O ex-membro do Movimento Esquerda Socialista (onde militaram os socialistas Ferro Rodrigues e Alberto Martins) afirma que não entende “como é que o Livre não fez um comunicado a denunciar a estratégia do PCP, nomeadamente o pedido de eleições antecipadas na audiência com Cavaco Silva está semana, que beneficia a direita quando sabe que o PS tem um líder que está altamente fragilizado”.

O ‘Grupo dos Nove’, como começa a ser conhecida a ala oposicionista no Livre, defende que o congresso só decorra depois do congresso do PS. Sobre os diálogos à esquerda, Doria admite que o Livre não deve excluir ninguém mas, do mesmo modo, não pode de deixar de “falar abertamente das posições sectárias do PCP e do BE”. Sem oposição parece estar a necessidade de ser o Livre a inaugurar as reuniões com a esquerda para a construção de uma aliança.

ricardo.rego@sol.pt