Carlos do Carmo e Saramago

Carlos do Carmo, com o seu Grammy Latino de carreira, e José Saramago, com o Prémio Nobel de Literatura, lembram-me o mesmo problema nacional: as grandes figuras têm primeiro de receber homenagens muito relevantes e reconhecimento fora do País.

É certo que as homenagens são merecidas mais por eles do que pelo País. Mas Portugal acaba por beneficiar com elas. Com o Nobel a Saramago, foi toda a Literatura portuguesa que ficou em evidência no Mundo. Com o Grammy de Carlos do Carmo, é também o fado (com a demonstração de que é renovável, e apreciadamente renovável), e os novos fadistas. Talvez até Carlos do Carmo tenha já beneficiado da atenção trazida para o fado com a declaração de Património Imaterial da Humanidade.

Mas agora, as homenagens que em Portugal se seguirem a Carlos do Carmo, como antes as dadas a Saramago, vêm tardias, e a reboque. Ele recebeu uma muito maior vinda de fora primeiro. E ambos as tinham merecido antes.

Felizmente, parece-me que Álvaro Siza e Souto Moura já tinham recebido grande reconhecimento nacional quando foram distinguidos com o Pritzker de Arquitectura (espécie de Nobel da especialidade).