Ulrich: Problemas no GES não vão ter efeito ‘catastrófico’ na economia

O presidente do Banco BPI, Fernando Ulrich, disse hoje que a componente financeira do Grupo Espírito Santo (GES) tem mais peso do que a área não financeira, pelo que não espera um efeito catastrófico para a economia portuguesa.

Ulrich: Problemas no GES não vão ter efeito ‘catastrófico’ na economia

"A componente financeira tem mais peso e responsabilidade em tudo isto [economia portuguesa] do que a parte não financeira. Para acompanhar os aumentos de capital do BES, é natural que o GES tenha acumulado dívida em cima (nas 'holdings')", assinalou.

"Várias empresas, talvez a maior parte das empresas da parte não financeira, tem uma vida saudável, não estou a ver um efeito tão catastrófico na economia como estão a referir", realçou.

Ainda assim, Ulrich apontou para o "efeito indirecto sobre os investidores que investiram em dívida das empresas que agora pediram protecção", o que poderá criar dificuldades.

"Vamos aguardar para ver qual é a dimensão das eventuais percas que esses investidores vão ter", sublinhou.

E reforçou: "O conjunto [do GES] não é se calhar tão grande e com tanto peso económico como às vezes lhe atribuem. Do meu ponto de vista, até é relativamente pequeno".

Ulrich voltou a passar uma mensagem de tranquilidade face ao impacto dos problemas no GES ao nível da economia portuguesa.

"As pessoas já fizeram essa aprendizagem, porque já houve tantas crises, quer em Portugal, quer fora, que as pessoas sabem como ultrapassar as situações que tenham", frisou.

Realçando que "as pessoas reagem também por emoção", o que "não tem a ver com o rácio de capital do banco, o lucro ou o prejuízo", Ulrich admitiu que quando há um grupo empresarial em dificuldades, "a emoção pesa".

E apontou para a entidade que lidera: "É natural que um banco como o BPI que pagou tudo ao Estado, gere emoções positivas".

Já quando há "um banco que está a passar por estas dificuldades e com um accionista com dificuldades, independentemente do risco – penso que os depositantes no banco estão protegidos – isso pode levar as pessoas a ir para outra lado por razões afectivas ou emocionais", assinalou.

E concluiu: "Do ponto de vista financeiro, penso que as pessoas podem estar tranquilas".

Lusa/SOL