Rússia responde a sanções com ataque ao McDonalds

A autoridade russa para a defesa do consumidor anunciou a abertura de uma investigação à qualidade da comida na cadeia norte-americana McDonalds. “Identificámos violações que colocam em causa a qualidade e segurança dos produtos em toda a cadeia McDonalds”, confirmou à agência de notícia local Anna Popova, líder da Rospotrebnadzor.

Segundo a agência russa, a companhia norte-americana engana os consumidores com os valores energéticos que declara para alguns dos seus mais populares produtos. E sobre os valores nutricionais dos seus gelados e batidos. As acusações foram feitas com base em testes realizados em Junho em dois restaurantes na região de Novgorod.

A agência passou os processos para os tribunais, num caso que poderá ditar o encerramento da cadeia no país. Com a primeira sessão judicial marcada para 13 de Agosto, a empresa norte-americana diz nada saber: “Nos 25 anos que tem no mercado russo, a principal prioridade da McDonalds tem tido garantir a qualidade e segurança dos seus produtos”, declarou a empresa à Reuters.

A McDonalds tem cerca de 400 restaurantes na Rússia, com o primeiro a ser inaugurado em Moscovo em 1990. Mas em Abril foi alvo de apelos ao boicote quando decidiu encerrar os seus restaurantes na Crimeia, pouco depois de Moscovo ter anexado o território que pertencia à Ucrânia.

O processo da agência alimentar é visto como uma resposta de Moscovo às sanções económicas impostas pelos Estados Unidos e União Europeia. Oksana Dmitireva, deputada russa, não tem dúvidas em considerar que o caso “não é um assunto económico mas sim político, e uma iniciativa destas só pode vir do Presidente”.

Uma leitura já negada por deputados da Rússia Unida de Vladimir Putin, mas que ganha força quando se analisam decisões passadas da Rospotrebnadzor. Esta agência de defesa do consumidor é a mesma que recomendou o fim das importações de vinho da Geórgia num momento em que Tbilissi estreitou laços com o Ocidente. E fez o mesmo com outros produtos de teor alcoólico quando a Moldávia decidiu avançar para um acordo de cooperação estratégica com a União Europeia.

nuno.e.lima@sol.pt