Furto de metais em Portugal diminuiu nos últimos anos

O furto de metais em Portugal, incluindo cobre e obras de arte metálicas como estátuas e sinos de igrejas, destinados à sucata, tem vindo a diminuir nos últimos dois anos, segundo dados da GNR e da Polícia Judiciária (PJ).

De acordo com um relatório da GNR sobre o furto de metais não preciosos, entre 2012 e 2013 houve "uma descida de 19,6%, contrariando aquilo que vinha a ser tendência de anos anteriores", embora no ano passado o valor dos assaltos tenha ascendido a 24 milhões de euros.

Em 2012 tinham sido registados, a nível nacional, "13.093 crimes classificados como furtos de metais não preciosos". No último ano foram registados "10.523, menos 2.570 crimes em relação aos dados de 2012".

Segundo o major-general da GNR Rui Moura, o furto de metais não preciosos "não é um problema português, é um problema internacional, que tem vindo a diminuir nos últimos 20 meses, em Portugal e na Europa".

A maioria dos metais não precisos furtados são "bens privados, que estão ligados a três grandes áreas: telecomunicações, distribuição eléctrica e transportes", disse.

Além de furtarem os cabos de cobre das telecomunicações, a cablagem da rede eléctrica e as linhas férreas dos comboios, os assaltantes andam a roubar as tampas de esgoto e das sarjetas, a sinalização de alumínio e os rails de protecção das estradas.

Quanto ao furto de obras de arte metálicas, como estátuas de bronze no espaço público e sinos de igrejas e capelas do século XVII e XVIII, o inspector chefe da PJ Óscar Pinto afirmou que "houve um aumento em 2011, que se prolongou um pouco por 2012, mas que, entretanto, as coisas acalmaram bastante".

As peças de arte metálicas roubadas "não têm como destino o mercado de arte", porque "a probabilidade de se ser apanhado com a peça na mão e ser condenado pelo furto é muito superior do que […] ir a uma sucateira e vendê-la aos pedaços, e é isso que tem acontecido", justificou.

"Tudo o que é metálico, nomeadamente bronze, cobre ou estanho é preferência, porque tem um valor superior. Mas furtam tudo, desde maçanetas de portas a candeeiros, a corrimões, sinos, estátuas, placas comemorativas", disse o inspector da PJ.

Para o oficial da GNR, os objectos furtados "não são roubados pelo valor intrínseco do bem em si, mas pelo valor em cobre".

"O cobre é o metal mais facilmente reciclável e hoje em dia apenas se vai às minas buscar cerca de 25 a 30% do cobre que é necessário na indústria mundial, os outros 70 a 75% são [provenientes] da reciclagem", disse Rui Moura.

Nas empresas de reciclagem, mais conhecidas como sucateiras, o preço do cobre varia entre os três e os seis euros por quilograma.

Segundo o relatório da GNR, em 2013 registaram-se 11.826 de ocorrências de furto de metais não preciosos, com o furto de cobre a ter 8.366 registos, "perfazendo mais de 75 toneladas de metal, estimando-se em 17.278.454 euros o valor dos prejuízos". Já quanto ao furto de ferro ascendeu a 2,6 milhões de euros e o de alumínio superou o milhão de euros. No total, incluindo outros metais não preciosos, os furtos ascenderam naquele ano a mais de 24 milhões de euros em Portugal.

Para o major-general da GNR Rui Moura, o crime de furto de metais não preciosos "deixou de ser o tipo furto de oportunidade, cometido de forma individual, para ser um furto engendrado por um grupo de pessoas".

 Em Portugal, o furto de metais não preciosos tem maior incidência no distrito do Porto com 1.560 ocorrências, seguindo-se Santarém com 1.383 e Aveiro com 1.217 casos de furto. Lisboa ocupa a nona posição em relação aos distritos afectados pelo crime de furto de metais não preciosos, com 631 casos em 2013.

Em relação ao roubo de obras de arte, nomeadamente estátuas de grande dimensão, "alguns dos furtos têm alguma sofisticação pelo tamanho das peças, têm alguma mão-de-obra", disse o inspector da PJ Óscar Pinto.

 É através da "prevenção, intervenção e investigação" que a GNR tem actuado, "com grande sucesso nos últimos anos", afirmou Rui Moura.

 Para combater o furto de metais em Portugal, foi promulgada a lei n.º54/2012, "fazendo com que as empresas [sucateiras] que se dedicam ao comércio destes tipo de metais façam registos, nunca paguem em dinheiro e tenham vídeo gravação, no sentido de propiciar um maior controle de quem é que vende o quê, onde e como", referiu, por sua vez, o inspector da PJ.

Lusa/SOL