Pais dos estudantes que morreram no Meco pedem abertura de instrução

As famílias dos seis jovens que morreram na praia do Meco a 15 de Dezembro do ano passado vão pedir, segunda-feira, a abertura da instrução do processo, no Tribunal de Almada, disse hoje à Lusa o advogado Vítor Parente.

Pais dos estudantes que morreram no Meco pedem abertura de instrução

"A abertura de instrução será uma maneira de, perante um juiz de instrução, tentar ouvir da própria boca do João Gouveia (único sobrevivente), se ele entender falar, aquilo que se passou", disse Vítor Parente, convicto de que o despacho de arquivamento do Ministério Público "não só não veio esclarecer os factos, como veio adensar mais as dúvidas".

Vítor Parente adiantou que pretende entregar o requerimento a pedir a abertura da instrução já na próxima segunda-feira, dia em que se completam nove meses sobre a morte de seis alunos da Universidade Lusófona de Lisboa, que, de acordo com a única testemunha, João Gouveia, terão sido arrastados para o mar por uma onda de grandes dimensões.

"A abertura da instrução é mais uma tentativa que se faz, no âmbito do processo judicial, para tentar chegar à verdade, para que as coisas façam algum sentido e sejam clarificadas. Com o despacho [de arquivamento] do Ministério Público do Tribunal de Almada, os pais ficaram ainda mais confusos do que já estavam", disse o advogado.

"Há todo um conjunto e elementos do processo que não são claros. Não se percebe porque é que se fez constar do despacho final afirmações que não constam dos depoimentos das testemunhas. Tudo isto serviu para adensar mais as dúvidas e a desconfiança relativamente àquilo que aconteceu", acrescentou.

Vítor Parente disse também não conseguir perceber o que se passou com o processo judicial, evidenciando alguns aspectos que considerou serem pouco normais na justiça portuguesa.

"Nada neste processo é normal: o facto de termos estado mais de 30 dias à espera, de uma maneira incompreensível, para nos serem facultados determinados elementos do processo, não é minimamente normal", disse.

"E também não compreendemos por que razão não se faz referência a determinados elementos de prova, que constam no processo, por que razão não existem imagens da reconstituição do que se passou na praia do Meco, quando é óbvio que os pais gostariam de ver aquilo que o João Gouveia disse", acrescentou.

Os pais dos seis jovens prometem continuar a lutar para esclarecer as circunstâncias em que os filhos morreram, na madrugada de 15 de Dezembro de 2013, na praia do Meco, em Sesimbra.

Lusa/SOL